Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
sábado, 6 de outubro de 2007
06 de outubro de 2007
N° 15387 - Cláudia Laitano
Meninas
Se estivermos atentos e interessados, o tempo e a convivência amorosa se encarregam de nos ensinar uma ou duas coisas a respeito do sexo oposto. É um aprendizado longo e inesgotável, como tudo que diz respeito à condição humana: a gente desconfia de muita coisa e simplesmente não parece capaz de entender outras tantas.
Com relação às idiossincrasias do nosso próprio sexo, somos em geral analistas muito comprometidos e falhos, com sérias tendências a tomar como verdade o que, às vezes, é apenas uma perspectiva.
(Se eu quisesse provocar, diria que esse é um raciocínio tipicamente feminino, já que homens, tomados a granel, não costumam levar em conta que os fatos podem ser ordenados e compreendidos de outras formas - e às vezes encaram a diferença como ofensa pessoal, o que, no limite do troglodismo, dá origem à misoginia e à homofobia.
Enquanto as mulheres, numa generalização igualmente grosseira, parecem estar sempre desconfiadas ao extremo da própria opinião - o que, também no limite, pode levar à apatia ou à eterna dependência.)
Para entender o próprio sexo com algum distanciamento crítico, nada melhor do que observar um espécime em formação desde antes do nascimento. E de muito perto.
Esse, pra mim, foi um dos bônus mais surpreendentes da maternidade: criar uma menina ensina mais sobre as mulheres do que todas as conversas com as amigas, todas as disputas com as irmãs, todos os conflitos com a mãe, tudo o que nos ajuda a construir mentalmente um ideal feminino, e humano, do qual gostaríamos de nos aproximar.
Acompanhar como uma menina constrói seus laços sociais, o que a alegra e o que a faz sofrer, como aprende a conseguir o que quer e a evitar o que é incômodo é a maior lição prática sobre tudo o que pode ser sublime ou tolo no sexo feminino.
Mesmo sabendo que somos as responsáveis por boa parte das mensagens complexas e contraditórias que elas recebem enquanto crescem - devem ser fortes e sensíveis, inteligentes e vaidosas, doces e determinadas, tudo isso em medidas diferentes conforme a exigência da ocasião - é sempre imprevisível a forma como nossas filhas vão absorver o caldo cultural e histórico em que são criadas.
Às vezes, elas parecem pensar, sentir, brincar de um jeito que já é claramente diferente do das meninas de 30 anos atrás.
Em seguida, estão sentadas no quarto brincando com o mesmíssimo "jogo da verdade", fazendo as mesmíssimas mesmas perguntas - como se os anos não tivessem passado, e as mulheres não tivessem mudado tanto assim (sempre querendo transformar as verdades afetivas em palavras e em repertório comum a ser exaustivamente analisado).
A mulher do futuro, um pouco parecida com a gente, outro tanto bem diferente, cresce bem diante dos nossos olhos e nos ensina, entre outras coisas, a analisar nossas mães e avós de forma mais generosa.
Porque por mais únicas e irrepetíveis que cada uma de nós goste de se imaginar, somos também o resultado possível de uma determinada época - e uma das funções da geração seguinte é exatamente nos cobrar, mais cedo ou mais tarde, por tudo aquilo que não conseguimos ser.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário