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segunda-feira, 29 de outubro de 2007
29 de outubro de 2007
N° 15402 - Paulo Sant'ana
Leite curta vida
Diante dos últimos fatos, vai sofrer grandes modificações a industrialização do leite longa vida.
Com a consagração da soda cáustica e da água oxigenada como conservantes do leite longa vida, a primeira mudança será nos nomes do leite: Sodalat e Oxilat.
Toda caixa de leite deverá ter bem visível as advertências: "Beba com moderação!" e "Se beber, não dirija".
Parece que a atual indústria do leite longa vida não cogitou de que, ao alongar a vida do leite, estava encurtando a vida dos consumidores.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária terá de ser rigorosa na análise de qualidade da soda cáustica e da água oxigenada.
Só o que faltava era acrescentarem soda cáustica e água oxigenada de péssima qualidade ao leite que bebemos.
Exigimos soda cáustica e água oxigenada genuínas na mistura com o leite.
De quem é, por sinal, a atribuição de analisar a pureza da água oxigenada e da soda cáustica que são adicionadas ao leite? Não estará havendo mistura na mistura?
Se a soda cáustica e a água oxigenada têm a propriedade de dar mais longa vida ao leite, não seria o caso de a ciência investigar se, alimentando-se as mães lactantes com água oxigenada e soda cáustica, prolongar-se-ia sua lactância, para gáudio de seus bebês lactentes?
A suprema vitória da indústria do leite longa vida: é quase certo que, com o reforço da soda cáustica e da água oxigenada, o leite longa vida venha a ter uma vida mais longa que a do consumidor.
De todo esse drama do leite, sobrou-me a seguinte decisão: quanto mais curta for a vida de um leite, mais confiável ele para mim será.
Se lançarem no mercado, me tornarei cliente ferrenho do leite curta vida. Tenho até um slogan para ele: "Curta a vida com o leite curta vida".
Eu já tinha de ter desconfiado da qualidade do leite longa vida. Longa vida quem tem são os velhos. E é lógico que todo leite longa vida é velho. E que a vida do leite longa vida é artificial.
E agora já vão para duas as descobertas de jazidas de caixas de leite enterradas no município de Fazenda Vila Nova (RS).
Estão enterrando o leite longa vida em caixas. Estão escondendo a sujeira debaixo do tapete. Onde é que estamos metidos?
Mas tenhamos a consciência inflexível de que se trata de um esquema, crê-se que nacional, da adulteração do leite.
Há pelo menos um ano o leite vem sendo adulterado, revelou o Fantástico ontem. Mas pode ter sido há mais de um ano.
E também ficou esclarecido que as cooperativas acusadas compravam leite azedo e usavam a soda cáustica e a água oxigenada para "regenerá-lo". E o lucro com a mistura de soda cáustica, água oxigenada e soro ao leite era da ordem de 10%.
Ou seja, o objetivo principal não era dar vida mais longa ao leite, mas "espichar" o leite em volume. Um crime. Contra a saúde pública e contra a vida.
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