Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
24 de outubro de 2007
N° 15397 - David Coimbra
A Cadela de Buchenwald e o Esfolador do Reno
Ilse Koch passou para a posteridade como "A Cadela de Buchenwald". Adoro esse epíteto. A Cadela de Buchenwald. Sugere maldade, sugere sadismo, e era isso mesmo que se podia dizer de Ilse Koch. Ela era má, ela era sádica.
Mulher de um comandante de campo de concentração nazista, amante de um dos oficiais subordinados ao marido, Ilse desenvolveu gosto especial pela crueldade. Apreciava cavalgar pelo território da prisão e, em meio ao passeio, apontar para um prisioneiro:
- Este!
O escolhido de Ilse era arrastado para uma sala, onde os esbirros o chicoteavam com método e devoção. Ilse assistia ao espancamento e delirava de prazer ante o sofrimento da vítima.
Mas não foi isso que a transformou em A Cadela. Foi outro costume: o de mandar esfolar os prisioneiros mortos para usar as peles deles como pantalhas dos abajures da sua casa. Ilse preferia os prisioneiros tatuados, que, naturalmente, rendiam abajures com motivos mais alegres.
A Cadela de Buchenwald. Raras mulheres na história da Humanidade foram tão infames. Assassinas seriais, então, isso quase não se encontra. Houve Marie Besnard, por exemplo, que passou alguns anos do começo do século 20 atarefada em envenenar parentes e contraparentes a fim de amealhar heranças e livrar-se de metidos.
Mas não foi por maldade que Marie Besnard matou; foi por conveniência. E seus assassinatos eram limpos, nada de vísceras expostas, nada de estrangulamentos, nada de armas brancas ou empalamentos.
É que as mulheres não são movidas pela mesma agressividade que é marca do mundo masculino. Há monstros de sobra entre nós, homens. O Estrangulador de Boston, o Vampiro de Londres, o Esfolador do Reno. Há Landru, que seduziu mais de 200 mulheres e eliminou pelo menos 10 durante a I Guerra Mundial incinerando-as em um forno industrial.
Além dos celebérrimos Hitler, Pol Pot, Stalin et caterva. Vasculhe as estatísticas policiais: os homicídios são, quase sempre, obra dos homens. Os acidentes de trânsito fatais, idem. A violência física, da mesma forma.
O homem é naturalmente agressivo e violento. A Civilização, no entanto, nos faz sublimar esses instintos bárbaros. Algumas formas clássicas de sublimação da nossa selvageria são: a música, as artes e... os esportes. Arrá! Eis o busílis! Os esportes! Li, como sempre leio, a Martha Medeiros escrevendo dias atrás sobre o futebol feminino.
Disse, a Marthinha, que falta às jogadoras a força física que têm os homens. Falta. Mas não é a força física que torna o futebol masculino mais atrativo do que o feminino. É a agressividade. E não me refiro exclusivamente aos zagueiros truculentos ou aos volantes carniceiros. Nada disso.
Porque um bom atacante é muito mais agressivo do que um zagueiro. O bom zagueiro é cerebral. O atacante, não. O bom atacante é puro instinto. Não é à toa que os grandes atacantes roçam a marginalidade.
Um Edmundo, um Romário, um Ronaldo. Um Éder, um Renato Portaluppi, um Maradona. Um Heleno de Freitas, um Garrincha, um Roberto Rivellino. Os maiores atacantes em todos os tempos foram algo próximo a desajustados. Tinham de ser. Ou não seriam atacantes.
É o que falta ao futebol feminino. A ferocidade, a barbárie, a selvageria, a crueldade, a maldade, a violência, a brutalidade do mundo masculino, todas essas idiossincrasias que transformam homens em monstros. Ou em gênios.
A filosofia do Guerrinha
Tenho mais de 10 anos de divertida convivência com o filho do Vovô Guerra, o famoso Adroaldo Guerra Filho, conhecidíssimo de Punta del Este ao Hipódromo do Cristal como Guerrinha. Nesse tempo, passei a respeitá-lo como filósofo do cotidiano.
Assim, para regalar os leitores de ZH, relaciono algumas das frases com as quais o Guerrinha ilustra a vida no dia-a-dia nas redações onde nos encontramos. Então, quando o Guerrinha quer dizer que está mal, ele diz assim:
Estou numa fase tão ruim que, se eu comprar um circo, o anão cresce. Estou numa fase em que durmo no gelo e acordo suado. Estou numa fase de beber a água da salsicha.
Essa última, particularmente, é uma das minhas preferidas. Fico imaginando um sujeito tão faminto que, para saciar-se, bebe aquela água suja que resta do fervimento da salsicha, que maravilha de imagem!
Agora, se o Guerrinha vai falar a respeito de seu relacionamento com as mulheres, ele fala desse jeitinho:
A última calcinha que eu vi foi a da vizinha. No varal. Eu tô que nem gato de armazém: dormindo em cima do saco.
É um privilégio conviver com o Guerrinha. Só mesmo ele para definir com exatidão, por exemplo, a situação do Inter em 2007. Que está...
Mortofol Bayer. Na panela. Bebendo água de bateria!
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