quarta-feira, 31 de outubro de 2007



31 de outubro de 2007
Klécio Santos


A taça é nossa

Isso é que é diplomacia. A Argentina acaba de eleger um novo (ou melhor, nova) presidente - Cristina Kirchner - , e Lula apela para sua verve de piadista. Ao discursar na solenidade da Fifa que confirmou o Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014, disse que o país vai fazer uma Copa para argentino nenhum botar defeito.

A deselegância com o país vizinho foi motivada pela euforia do presidente. Lula estava à vontade ao lado do cartola Ricardo Teixeira, de Romário, de Dunga e até do mago Paulo Coelho. A imagem do presidente erguendo a taça é a síntese de suas pretensões presidenciais.

Lula passará o resto do mandato surfando na onda da Copa, vai despejar dinheiro em obras de infra-estrutura e trabalhar como um mouro para eleger o sucessor. Aí volta nas eleições de 2014, em pleno ano da Copa que idealizou.

Mas Lula não é o único a se deslumbrar com os dividendos de um Mundial no Brasil. Marta Suplicy só aceitou o Turismo, um ministério de segunda linha, por causa da vitrina do torneio.

Também não foi à toa que uma penca de presidenciáveis se arvorou na comitiva, entre eles Jaques Wagner, Sérgio Cabral e Eduardo Campos. Até mesmo a oposição embarcou no trem da CBF, com os tucanos Aécio Neves e José Serra.

O que não faltam agora são promessas de obras, algumas até faraônicas, como a implantação de trens-bala. Mesmo que o Brasil não fique com a taça, quem sabe a Copa deixe como legado uma infra-estrutura hoje ausente no país.

O desafio é evitar a corrupção e o superfaturamento que costuma parasitar em investimentos desse porte.

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