sábado, 20 de outubro de 2007



21 de outubro de 2007
N° 15395 - David Coimbra


O homem que contava mulheres

Um amigo meu tinha o hábito de contar mulheres.

Mais: ele as catalogava e classificava. Falava-me dessa lista, eu não acreditava que pudesse ter tantos detalhes.

Tinha. Um dia, ele me mostrou. Havia 44 mulheres arroladas. Exatamente 44, lembro bem. Alguns acharão pouco; outros, muito. Era uma lista muito completa, muito pormenorizada. Assim:

Renata Inês

Morena, de olhos verdes. Altura: 1m65cm Pé: 36 Manequim: 36 Aniversário: 04/09

Detesta camarão. Adora Julio Iglesias. Uma vez a chamei de bonecrinha e ela amou.

Fica excitada com língua na orelha. Assistimos ao Piratas do Caribe juntos. Se ele ficasse um ano sem falar com Renata Inês, um dia ligava e já tascava:

- Oi, bonecrinha...E ela se arrepiava toda. E em seguida: - Vamos ouvir um Julio?

Pronto. Gol do Brasil. Meu amigo acreditava na máxima de que informação é poder. E é. Por isso, entendo o princípio do treino fechado. Sei da desolação dos repórteres, mas acredito que o treino fechado ajudará a sofisticar a cobertura esportiva. Barrados do ambiente do futebol, os repórteres revolverão as entranhas do clube.

Escândalos financeiros serão revelados, tramas políticas serão desvendadas. Já está acontecendo. Vai acontecer mais e mais. Viveremos tempos interessantes, neste hoje fechado futebol gaúcho.

O melhor do mundo

O Mário Marcos publicou uma foto atual daquele que foi considerado o melhor ataque de todos os tempos, o do Santos: Dorval, Mengálvio, Coutinho, Pelé e Pepe. Mas será que esse foi mesmo o melhor ataque da história do futebol? Que tal o imortal do Real Madrid: Canario, Del Sol, Di Stéfano, Puskas e Gento? E o do Botafogo: Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagallo?

O Inter teve um grande: Tesourinha, Russinho, Adãozinho, Vilalba e Carlitos, com variações.

O Grêmio: Babá, Joãozinho, Alcindo e Volmir.

Já o Flamengo montou o chamado "melhor ataque do mundo" em 1995: Romário, Sávio e Edmundo - um fracasso.

Qual foi o melhor? Difícil saber. O brabo é hoje, quando os ataques são:

Tuta. Ou: Gil. E só. O que estão fazendo com o futebol, Cristo???

Cachorro pequeno

Um homem adulto, de alguma idade, não pode andar pela rua com um cachorrinho pequeno. Sobretudo se o leva pela coleira. Aqueles pequineses, por favor! Ou pior: poodle.

Como é que pode um homem sair por aí com um poodle? Um cachorro tem que ser, no mínimo, maior do que um gato grande. Senão, não é cachorro. Não passa de um rato.

Sei que é preconceito, sei, mas, que fazer?, tenho apreço pelos meus preconceitos. Sou um homem de valores antigos. Aplaudo, por exemplo, a hombridade de Gavilán: deu o soco em Valdivia, todo mundo viu, e ele não se desculpou.

Ao contrário: disse que daria de novo. Aí está. Gavilán. Um homem de velhos valores. Um homem que não sairia para a rua com um mísero píncher!

Velhos dribladores

A seqüência de dribles de Robinho fez-me sonhar. Os velhos e bons grandes dribladores do futebol, que saudade. O Inter teve um que era um azougue: Lula. O Grêmio contratou um pontinha, certa feita, que dava drible de um palmo de largura: o argentino Ortiz.

E Joãozinho, do Cruzeiro, uma vez humilhou o grande Figueroa! Cafuringa só driblava, não marcava gols. Fez só oito em toda a vida. Mas o melhor de todos foi do Santos, o ponta-esquerda Edu.

O drible é o sal do futebol. Certo estava Dener, que um dia disse aquela frase tocante: - Às vezes um drible é mais bonito do que um gol.

Nenhum comentário: