terça-feira, 23 de outubro de 2007


CLÓVIS ROSSI

Globalização em espanhol

MADRI - O jornal espanhol "El País" aproveitou sua reforma (gráfica e na disposição das seções) para introduzir um novo "slogan": "O jornal global em espanhol".

É ousado porque, até aqui, globalização se escreve em inglês, goste-se ou não, fale-se ou não. Ousado também porque, há apenas 32 anos, um nada em termos históricos, a Espanha ainda era uma ditadura isolacionista, que fazia de tudo para impedir que os ventos democráticos atravessassem os Pirineus.

Hoje, seu principal jornal tenta ser global em espanhol, no que é apenas surfar nas altas ondas levantadas pela nova invencível armada espanhola, formada por um conjunto de multinacionais que não cansa de se espalhar pelo mundo.

Tanto que, no primeiro semestre, 49,3% das receitas das 35 maiores empresas da Espanha vieram do exterior.

Prova de que é possível, sim, aos países darem saltos, em vez de apenas caminharem, em geral lentamente, como ocorre no Brasil.

O Brasil, aliás, é testemunha ocular do salto: o Santander, navio-insígnia da armada, nem estava no "grid" de largada financeiro em 2000. Hoje, com a incorporação do Real, está no pódio.

Não seria melhor para o Brasil se uma empresa brasileira ganhasse a concessão de estadas na Espanha em vez de dar-se o contrário?

Nesse ponto, aliás, louve-se o presidente Lula: cansei de ouvi-lo cobrar, em fóruns empresariais, a transformação em multinacionais das empresas caboclas. Se dá ou não com as condições presentes (ou passadas) de temperatura e pressão é outra conversa.

Minha viagem à Espanha, aliás, é outra demonstração da "globalização em espanhol": o convite é da Fundação Carolina, financiada pelo governo (2/3) e, o terço restante, pela invencível armada.

É o braço do governo/empresas para a integração com a América Latina.

crossi@uol.com.br

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