segunda-feira, 15 de outubro de 2007



15 de outubro de 2007
N° 15389 - Paulo Sant'ana


Dá gosto pagar pedágio

O anúncio de que o governo Lula privatizou sete lotes de rodovias federais, contrariando espetacularmente a ideologia estatizante do Partido dos Trabalhadores, teve um pouco atenuado o ribombar do gesto pelo preço que o governo conseguiu na concorrência para os pedágios que serão implantados: R$ 1,42 por cada cem quilômetros percorridos.

Mesmo quem se dispusesse a criticar a incoerência encerrada na recaída privatista de Lula, se sentiria desencorajado a tal pela publicação de quanto os usuários vão pagar de pedágios nas estradas federais leiloadas e adquiridas por um grupo de empresas espanholas: R$ 1,42 por cada cem quilômetros soa como um maná caído do céu aos motoristas.

Por preço tão atraente, dá para ir de carro até os EUA, não há nada mais ideal que desfrutar-se de estradas com solução asfáltica renovada e sinalização eficiente por um preço honesto.

Eu, particularmente, não sou contra o pedágio. Eu sou, como acho que todo motorista é, contra o pedágio de preço extorsivo.

E é por isso que quero citar um exemplo muito eloqüente de como se cobra em demasia por pedágios em nossas rodovias.

Acontece que o mesmo governo Lula permite que estejam operantes nove praças de pedágios no percurso Porto Alegre-Rio Grande, quatro praças na ida, cinco praças na volta.

O trajeto compreende três BRs, a 290, a 116 e a 392. Ida e volta a Rio Grande são 634 quilômetros.

E são cobrados nesse trajeto R$ 52,50 de pedágio, no total das nove cancelas.

Temos portanto que o governo Lula permite já há tempo uma privatização desse trajeto.

E sabem qual é o preço, portanto, arredondando para 600 quilômetros o trajeto Porto Alegre-Rio Grande, ida e volta, cobrado pelas concessionárias?

Nada mais, nada menos, que R$ 8,75 por cada cem quilômetros percorridos.

Ou seja, as novas estradas federais que estão privatizadas terão como preço de pedágio R$ 1,42 por cada cem quilômetros. Elogiavelmente. Como é então que nós, gaúchos, pagamos seis vezes mais por esse pedágio infamante que nos leva e traz de Rio Grande até a Capital?

Não é uma extorsão? Não é um descalabro? Como é que se permitiu essa alarmante disparidade?

Depressa, o governo Lula tem de trazer esses espanhóis para administrar os pedágios gaúchos. Nós estamos sendo espoliados.

E logo que os espanhóis começarem a conservar e pedagiar as estradas federais, terá de ser revisto esse preço opressivo e desumano que nos estão cobrando no trajeto para Rio Grande.

Porque não pode o mesmo poder concedente, a União, manter dois preços de tarifas de pedágio.

Por que será que nós, gaúchos, sempre somos contemplados com todos os preços mais caros?

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