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quinta-feira, 25 de outubro de 2007
25 de outubro de 2007
N° 15398 - Paulo Sant'ana
Veneno no leite
A notícia é simplesmente aterradora: a Cooperativa Coopervale, no Triângulo Mineiro, adicionava ao leite longa vida (em caixinha) uma mistura de soda cáustica, água oxigenada, ácido cítrico, citrato de sódio, sal e açúcar.
A finalidade desse verdadeiro coquetel tóxico adicionado ao leite longa vida era a de aumentar-lhe o prazo de validade.
O mais preocupante: o delegado da Polícia Federal que desmascarou a mistura tóxica no leite, Ricardo Luiz da Silva, declarou o seguinte: "(A cooperativa) pode ter passado para outras cooperativas do país, por isso é necessário analisar amostras de todas as marcas. Recebemos denúncias de vários Estados".
As investigações vinham se sucedendo há vários meses, o que quer dizer que a população mineira (e talvez de outros Estados, segundo o delegado) vinha sendo envenenada há muito tempo.
Calculem que a soda cáustica e a água oxigenada, além das outras drogas adicionadas ao leite, podem causar esofagite, gastrite por inflamação das mucosas do esôfago e do estômago, danificação da membrana das células do estômago, causando úlcera e erosão, danificação da mucosa intestinal, causando até perfurações.
Isto é filme de terror. Todo esse coquetel explosivo contido no leite que a gente compra no supermercado!
Isto é uma barbaridade.
Como é que um químico - ou vários químicos - , com diploma de curso superior, pode perpetrar assim um tal crime contra a saúde pública e a vida?
Adicionar soda cáustica e água oxigenada no leite?
E eu inocentemente bebendo leite na convicção de que ele viesse só da vaca!
Leio que a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) está recomendando que os consumidores fiquem atentos a mudanças na textura, no sabor e no odor do leite.
Eu informo que, a cada vez que mudo de marca de leite longa vida em caixas, noto mudanças na textura, no sabor e no odor do leite. Mas eu penso que é uma mudança normal, pois mudei de marca.
Quero acrescentar ainda que, mesmo quando não mudo de marca, noto mudança na textura, no sabor e no odor do leite.
Mas como é que eu, ignorante total sobre técnicas de leite industrializado, vou saber se tem soda cáustica ou água oxigenada no leite que vou beber? Como é que vou saber?
E ainda mais confuso fiquei quando li o conselho dado pela titular da Gerência de Vigilância Sanitária de Alimentos do Estado de Minas Gerais, Cláudia Parma: "Os consumidores não devem ferver o leite na tentativa de diluir os compostos químicos. Ferver o leite só vai diminuir as vitaminas".
Como é que é? Quer dizer então que, se eu adquirir um leite que presumivelmente contenha soda cáustica e água oxigenada, devo bebê-lo sem fervura, assim serei alimentado?
Mas e os venenos?
Acho que a gerente da Vigilância Sanitária mineira quis se referir a leite que não contenha soda cáustica e água oxigenada.
Agora é que entendi por que, quando eu era criança, minha tia Manoelita mandava eu embeber qualquer ferimento na pele com leite, tinha água oxigenada.
E ela, também, agora que me lembro, lavava a pia com leite, por causa da soda cáustica.
Mesmo assim, ignorante que sou, não sabia que leite fervido não tem vitaminas. Bebo leite há 60 anos achando que é um poderoso alimento. E bebo com café, ambos fervidos. Eu sou um idiota.
Mas é duro saber que canalhas e criminosos põem soda cáustica e água oxigenada no leite de populações inteiras, no leite para adultos e crianças. Isso provoca revolta e impotência. É demais.
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