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sábado, 27 de outubro de 2007
28 de outubro de 2007
N° 15401 - David Coimbra
Minha primeira vez
Qual foi a primeira vez que você entrou em um estádio de futebol?
A minha primeira vez foi num Gre-Nal noturno, no Olímpico. Não lembro qual foi o resultado do jogo, não lembro de um único lance em campo.
Lembro da sensação que me assaltou quando escalei o último degrau da escadaria que levava às arquibancadas, conduzido pela mão do meu avô. No topo da escadaria, o estádio abriu-se para mim.
As luzes poderosas dos refletores, o verde impecável do gramado, as cores fortes das bandeiras e das camisetas, o rugir da torcida, aquilo tudo bateu-me nos olhos e no peito como uma lufada de ar quente, uma explosão matizada e ruidosa que me deixou sem fala por algum tempo. Foi belo e emocionante, foi como se eu fosse engolido por uma pintura de um mestre impressionista.
Gostaria de ser um Gilmar Fraga para reproduzir aquela cena com um pincel.
Passaram-se décadas até eu experimentar algo semelhante outra vez. Aconteceu só no ano passado, na Copa da Alemanha.
Dois estádios me deixaram embasbacados, o que, olha, não é fácil - já trabalhei em grandes estádios do mundo, de Maracanã e Mineirão ao de Yokohama, passando por Santiago Bernabéu, Nou Camp, Estádio dos Príncipes, de Paris, e outros e outros e mais outros. Mas nenhum deles é como o Allianz Arena, de Munique, por fora, ou como o Olímpico, de Berlim, por dentro.
O Allianz Arena é uma nave espacial de cores cambiantes, pousada numa paisagem de filme de ficção científica: imensos cata-ventos de usinas eólicas girando numa planície sem fim. A impressão que se tem é que o estádio está prestes a decolar para Alfa Centauri, a fim de resgatar a família Robinson.
O Olímpico de Berlim é assombroso em sua imponência e em seu significado histórico. Foi construído para a Olimpíada de 1936 por um dos arquitetos favoritos de Hitler.
Ainda é decorado por algumas esculturas encomendadas pelo ditador, possantes atletas de pedra dura atirando dardos, cavalgando, correndo, saltando.
Ao se acomodar numa das cadeiras das arquibancadas, você se sente como se estivesse numa catedral. Nenhum dos estádios que já vi é tão grandioso, tão magnificente e tão solene quanto o Olímpico de Berlim.
Será que conseguiríamos aprontar algo semelhante para a Copa de 2014? A arena do Grêmio transformada em um estádio arrojado como o Allianz de Munique, o Beira-Rio reformado mantendo e valorizando a sua grandeza, por que não?
É tão grande a gana e a disputa entre Grêmio e Inter, que acredito. A Copa de 2014 pode fazer com que a Dupla Gre-Nal levante em Porto Alegre os dois mais belos estádios do Brasil.
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