09
de agosto de 2012 | N° 17156
PAULO
SANT’ANA
Uma torcida
só?
Já
repararam que este colunista aborda todos os tipos de assunto?
Eu
opino sobre futebol, sobre política, sobre economia, sobre toda a realidade
social, além de falar sobre amor, sobre ciúme, sobre inveja, enfim, sobre todos
os sentimentos e relações humanas.
Modéstia
à parte, sou um jornalista de temas universais.
Tudo
o que for humano me interessa.
Sendo
assim, ando meio atrapalhado e com inveja dos colunistas que só abordam um
tema, no máximo dois.
É
que me sinto atrapalhado para cobrir três grandes eventos ao mesmo tempo: a
Olimpíada, o mensalão e o campeonato brasileiro.
Não
há jornalista universal que aguente essa dose para mamute.
Por
exemplo, agora se instalou uma encrenca no campeonato brasileiro no que se
refere a nós, gaúchos.
Segundo
se informa, a Brigada Militar pretende que no Gre-Nal do próximo dia 26,
marcado para ser jogado no Beira-Rio, somente haja no estádio uma torcida: a
colorada.
A
Brigada Militar quer Gre-Nal de torcida única, fato inédito na secular
rivalidade.
Só
que a absurda intenção da Brigada Militar vai causar mais problema ainda.
Porque em qualquer competição, como expliquei esses dias, tem de haver
igualdade de oportunidades, de chances. Não pode haver de forma nenhuma
desigualdade.
Por
exemplo, anteontem um jogador do Grêmio declarou que é desigual contra o Grêmio
só a torcida colorada presente no estádio.
Entenderam?
Torcida influi no jogador dentro do campo, isto é, influi na disputa.
Portanto,
a CBF não pode permitir o Gre-Nal de uma única torcida. Porque mexe com
gravidade na igualdade da disputa.
Ou a
CBF impede essa absurdidade pretendida pela Brigada Militar, ou, então, se
decida que o Gre-Nal do segundo turno, a vir a ser realizado no Olímpico,
também tenha presente no estádio só a torcida gremista.
É
também verdade que, caso os dois Gre-Nais venham a ser só com torcidas de quem
tem o mando do jogo, isso fere o direito dos colorados de irem ver o Gre-Nal do
Olímpico, mesmo direito que os gremistas têm de irem ao Beira-Rio.
Agora
o principal: nem a Brigada Militar, nem a federação, nem a CBF, nem o Vaticano
podem intervir no ingresso aos estádios, determinando quais torcidas podem e
quais não podem ver os jogos.
Uma
vez realizada uma partida, qualquer torcedor, seja gremista, seja colorado,
seja judeu, seja negro, seja branco, seja mulato, todos os torcedores que
estiverem vivos têm o direito sagrado de se dirigirem aos estádios. Ou seja,
atrás da verde e rosa só não vai quem já morreu.
Mas
eu não tenho o direito de exigir da Brigada Militar que vá entender esta
verdade incontestável que eu estou escrevendo.
A BM
não vai entender.
Mas
eu tenho o dever inalienável de alertar a Brigada Militar para o absurdo que
pretende cometer. E ela diz que é em nome da segurança dos torcedores.
Eu
só quero lembrar à BM que esse estádio do Internacional que está sendo
remendado foi, outro dia mesmo, liberado pela Justiça, tenham presente isso.
Como
é que um estádio em remendo liberado pela Justiça não oferece segurança?
Isto
é um – repito – alarmante absurdo.
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