RICARDO CALIL - CRÍTICO DA FOLHA
Com
grandes interpretações e canções, filme é longo demais
Poucos gêneros cinematográficos esbarram tanto nas
idiossincrasias de críticos e espectadores quanto o musical clássico -e, mais
especificamente, as adaptações de blockbusters da Broadway para o cinema.
Tomemos o caso da vez: "Os Miseráveis". Para quem
fica arrepiado só de pensar em personagens que soltam a voz sem motivo
aparente, as quase três horas de cantoria ininterrupta e, em geral, lacrimosa
do filme serão uma sessão de tortura.
Essa parcela do público sentirá uma estranha empatia com os
sofrimentos de Jean Valjean (Hugh Jackman) - que já na primeira cena precisa
carregar um enorme mastro sozinho- e Fantine (Anne Hathaway) -que tem os dentes
arrancados sem anestesia.
Mas, para aqueles que têm Times Square como uma meca, "Os
Miseráveis" é tudo que pediram ao Alá dos musicais: grandes interpretações,
grandiosas canções, grandiloquentes cenários.
A esses, a ideia de que a máxima miséria deve ser retratada
com a máxima opulência jamais parecerá contraditória, personagens que precisam
solfejar cada nuance de seus sentimentos nunca serão excessivos.
Para quem gosta de um Fred Astaire aqui, um Gene Kelly acolá,
mas tem alergia a qualquer tipo de pompa -como este crítico-, "Os Miseráveis"
será simplesmente um filme longo, muito longo.
OS MISERÁVEIS
DIREÇÃO Tom Hooper
PRODUÇÃO Reino Unido, 2012
ONDE Pátio Paulista, Espaço Itaú Pompeia, Iguatemi e
circuito
CLASSIFICAÇÃO 10 anos
AVALIAÇÃO regular
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