ELIANE CANTANHÊDE
Saudade do dr. Ulysses
BRASÍLIA - O PMDB mantém hoje o terceiro cargo na linha
sucessória (presidência do Senado) e ganha o segundo (a da Câmara) na próxima
segunda-feira, mas pode começar a perder o primeiro (a Vice-Presidência da República)
a partir da terça.
Reportagem de Natuza Nery, ontem na Folha, dá contornos ao
mapa que Lula desenha para as eleições de 2014 e aponta uma linha cruzada: Michel
Temer sai da Vice-Presidência e Gabriel Chalita entra na cabeça de chapa para
destronar os tucanos do governo de São Paulo. O PMDB trocaria a vice pelo
Bandeirantes.
Tudo para pôr Eduardo Campos (PE) na vice e explodir sua
pretensão de sair da base aliada para se lançar candidato contra Dilma. Ele é o
eixo sobre o qual todos os demais atores de 2014 se movem.
A construção não parece nada fácil, com resistências de
todos os lados, a começar dos principais interessados: PT, PMDB, Temer e Campos.
Mas as histórias das candidaturas de Dilma Rousseff ao Planalto e de Fernando
Haddad à Prefeitura de São Paulo desautorizam o descrédito de analistas e o
desdém dos que sonham com o Bandeirantes. Quando Lula quer, Lula pode.
Ele sabe que Campos, a favor, quebra o maior galho, mas,
contra, vira um problemão. Tanto que é disputado a tapa por Dilma, a favorita,
e por Aécio Neves, virtual nome do PSDB. Com uma diferença: os petistas têm
muito mais cacife para segurar Campos do que os tucanos para atraí-lo.
Mas, ao admitir trocar Temer (e o PMDB) por Campos (e o PSB),
Lula eleva o passe do pernambucano à estratosfera. Com chance de ser vice da
chapa mais forte, por que ele aceitaria ser na mais fraca? A ideia de ser vice
de Dilma pode até lhe dar a chance de tentar inverter a chapa de oposição para
Campos-Aécio.
Dê o que dê a roleta de Lula, o PMDB é vencedor. Deve ter o
Senado com Renan, a Câmara com Henrique Alves e -dúvida atroz- disputar a Vice-Presidência
ou o governo de São Paulo. E seja o que Deus quiser.
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