02
de fevereiro de 2013 | N° 17331
DIOGO
OLIVIER
Um caso de
amor
Ao
aceitar a reserva de Dida com abnegação mesmo depois de um 2012 bom, o goleiro
Marcelo Grohe cresceu no conceito dos torcedores, que o consideram uma extensão
sua no campo
Há
um aspecto intrigante nesta paixão gremista por Marcelo Grohe, o personagem da
semana no futebol brasileiro. Se ele não é um supergoleiro, um gênio da camisa
1, se não é assim um novo Danrlei, embora seja bom e tenha todas as ferramentas
para cumprir uma carreira de sucesso, de onde vem tanto amor?
Todos
viram e sentiram o pulsar feliz da Arena lotada ao vê-lo como seu primeiro
herói. Mesmo antes, quando o Grêmio anunciou Dida, um nome consagrado,
manifestações em sua defesa escorreram pelas redes sociais. De onde vem,
insisto, tanto carinho da torcida pelo homem que colocou o Grêmio na
Libertadores ao defender aquele pênalti, reeditando Galatto na Batalha dos
Aflitos?
É
que Marcelo Grohe é muito gremista. O torcedor se enxerga, através dele,
fardado e correndo pela grama rala e falhada da Arena. Trata-se de alguém que
coloca o Grêmio em um pedestal, acima de tudo. Acima, inclusive, de si mesmo.
Quando
todos imaginavam que ele pediria para sair após a humilhação de voltar à
reserva mesmo tendo terminado 2012 entre os cinco melhores da posição, qual foi
sua atitude? A de aceitar em silêncio o flagelo público. Não se ouviu uma
resposta, uma ironia, um gesto de tristeza. Até sorriu. Se o Grêmio entendia
que aquela era a melhor maneira dele ajudar, que assim fosse.
Outros
goleiros, igualmente gaúchos e gremistas, não aceitaram situações similares à
que Grohe foi submetido. O exemplo mais recente e famoso é o de Cássio.
Protagonista na Libertadores vencida pelo Corinthians em 2012, se rebelou
contra o não-aproveitamento, em 2007. Por cinco anos, até Tite confiar nele,
penou entre PSV e Sparta, da Holanda, com um único objetivo: ser titular e
alcançar o estrelato. Cássio colocou a carreira em primeiro lugar em vez de
esperar por uma chance no Olímpico – o que não tem nada de errado, vale dizer.
Marcelo
Grohe, não. Grohe acatou a reserva com obediência servil por que o seu Senhor é
o mesmo do torcedor: o seu clube do coração.
O
Grêmio, para Grohe, está acima das vaidades pessoais.
Daí,
tanto amor.
SANTA
MARIA, 27/01/2013
Existe
uma arma de precisão contra este jogo de empurra entre os agentes direta ou
indiretamente envolvidos na tragédia de Santa Maria. Uma arma que não dispara
nem tiro de festim e que está ao meu e ao seu alcance, você que se arriscou a
ler esta coluna, num gesto de bondade, prazer ou sacrifício: a cidadania
exercida com radicalismo.
O
Rio de Janeiro, por exemplo. Lá, os traficantes não desapareceram, mas não são
mais eles que determinam quem sobe no morro. O Complexo do Alemão agora tem até
bondinho. Os turistas, inclusive, andam preferindo um passeio sobre a favela
pop à versão mais famosa, no Pão de Açúcar. As Unidades de Polícia
Pacificadoras, consagradas como UPPs (a de número 30 foi inaugurada na semana
passada, no Jacarezinho), estão no centro desta revolução.
Mas
o que as UPPs têm a ver com Santa Maria? É que a derrota do tráfico no Rio,
ainda que parcial, só tomou corpo quando as comunidades assumiram papel ativo
nesta luta. Os moradores ligam para a polícia e, com denúncias anônimas,
entregam a localização dos traficantes nos labirintos dos morros.
Assim,
fez-se a luz. O que parecia impossível aconteceu: cenas de criminosos presos
inundaram o Jornal Nacional. Sem o exercício da cidadania, a polícia ainda
estaria atrás dos bandidos.
Agora
que sabemos tudo sobre espuma tóxica, lotação máxima, uso correto e incorreto
de fogos, capacitação de funcionários, portas de emergência ou sinalização de
saída, temos o dever de denunciar. Pode ser um telefonema para o Corpo de
Bombeiros ou Prefeitura, um toque no dono do estabelecimento, quem sabe até uma
queixa na delegacia. Vai de cada um o instrumento, o tom e a intensidade da
crítica.
Se
produzirmos uma onda cidadã, as casas noturnas entrarão nos eixos na marra e o
poder público será obrigado a correr em vez de fiscalizar a passo de tartaruga.
Só depende de nós.
O
fato é que não podemos esquecer este 27 de janeiro de 2013. E a melhor
homenagem às 236 vítimas que celebravam a vida quando encontraram a morte é
fazendo a nossa parte para que isso nunca mais se repita.
Cruzeiro
tem novo técnico
O
técnico Benhur Pereira está de volta ao Cruzeiro.
Ele
substitui Beto Campos, demitido na manhã de ontem após o início irregular no
Gauchão. A estreia oficial será amanhã, às 18h, quando o time busca a primeira
vitória no Gauchão contra o Canoas,na Ulbra.
Benhur
Pereira foi técnico do time em 2011, quando chegou às semifinais nos dois
turnos – e foi eliminado pelo Grêmio em ambos. As vantagens no acerto são,
segundo ele, o conhecimento do grupo e a proximidade da família – o técnico
mora em Novo Hamburgo.
–
Para mim é bom em vários sentidos. Nós conhecemos o grupo, a maioria dos
jogadores é do meu tempo. Deve ter três, quatro novos, então facilita. A casa
eu conheço bem. O Cruzeiro não está em um bom momento,mas nós vamos tentar
ajeitar – disse.
Em
três jogos, o Cruzeiro tem apenas dois pontos e não marcou gols no Gauchão.
Mesmo com o começo conturbado, Benhur confia na recuperação ainda no turno.
A
saída do Estrelão, mesmo sem o novo estádio em Cachoeirinha pronto, é um dos
problemas do clube, na visão de Benhur. Para ele, seria interessante até mesmo
mandar os jogos em Canoas.
– O
Cruzeiro não tem casa. Teve essa dificuldade que é o campo sintético. Se eu
tiver esse poder de mudar os jogos para Canoas, eu solicitarei. Já tinha
conversado com a direção no dia do encerramento do Estrelão. Eu disse que o
fator local seria prejudicial.
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