sexta-feira, 10 de agosto de 2012


ELIANE CANTANHÊDE

Mar de mequetrefes

BRASÍLIA - Na primeira semana de julgamento, já se conhece bem a estratégia da defesa dos 38 réus e a combinação dos advogados, sob a batuta de Márcio Thomaz Bastos -padrinho da indicação de boa parte dos ministros do Supremo.

O ponto principal é desqualificar a denúncia de que havia um mensalão para comprar apoios no Congresso e admitir caixa dois -que "todo mundo faz", não está incluído na acusação da Procuradoria e, principalmente, prescreve rapidinho.

O segundo ponto é negar que os empréstimos bancários do esquema eram "fictícios" e jurar que eram reais, legais, até foram pagos!

No mais, ninguém viu nada, ninguém sabia de nada e ninguém mandava, todo mundo só cumpria ordens -no núcleo político, de Delúbio Soares; no operacional, de Marcos Valério; no financeiro, de um cidadão que já morreu e não está aqui para se defender nem ir para a cadeia.

Uma curiosidade é que, se não há nenhuma mulher entre os advogados estrelados que se revezam na defesa oral, as mulheres da bancada dos réus são apresentadas como inúteis, bobinhas e coitadinhas.

Uma diretora de banco era professora de balé e não sabe somar dois mais dois. Outras duas eram diretora e gerente financeiras, mas não sacam bulhufas de finanças. As demais eram quase office-girls, para lá e para cá com sacos de dinheiro. Para um advogado bastante eloquente (como convém, aliás), uma delas era uma pobre "mequetrefe".

Nesse mar de mequetrefes, José Dirceu não mandava no PT, os diretores da empresa SMP&B só faziam o que seu mestre Valério mandava e os dos bancos eram uns burocratas sem a menor autonomia. Inclusive, ou principalmente, o gravatinha borboleta Pizzolato, do Banco do Brasil.

Como Lula, eles não sabiam de nada nem deveriam se dar ao trabalho de acompanhar o julgamento. Com as novas eleições, todos certamente têm muito mais o que fazer.

elianec@uol.com.br

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