01
de agosto de 2012 | N° 17148
PAULO
SANT’ANA
A mulher de Cachoeira
Está
faltando uma coisa em mim/ faz muita falta assim/ é um goleiro sim.
Leio
e escuto que a esposa de Carlinhos Cachoeira, aquele que está preso e atolado
até o pescoço em corrupção pública e privada, está sendo acusada de tentar
subornar o juiz que julga o processo contra seu marido.
O
juiz federal denunciou que a bela esposa de Cachoeira, que usava anteontem na
televisão uns óculos semiescuros de estupenda beleza, pediu audiência com ele.
O
juiz precaveu-se e deixou uma secretária na sala, tencionando que uma
testemunha estivesse presente na conversa.
A
mulher de Cachoeira pediu ao juiz que retirasse a testemunha, alegando que o
assunto era muito íntimo.
O
juiz acedeu e a mulher então disse que tinha um dossiê incriminador do próprio
juiz e que, caso ele não mandasse libertar seu marido, mandaria publicar o
dossiê na Revista Veja, sempre a Revista Veja.
Se
eu fosse o juiz, teria preso em flagrante, por tentativa de suborno, uma legítima
chantagem, a esposa de Cachoeira.
Não
foi isso o que o juiz fez, mas procedeu ainda assim corretamente e denunciou a
seus superiores a chantagem.
Não
entendo esse proceder judicial, mas foi noticiado que, caso a mulher de
Cachoeira não pagasse uma fiança de R$ 100 mil até hoje, o que já fez, seria
imediatamente presa, visto que ela responde por corrupção ativa.
Este
caso é sensacional e espetacular. Quanto mais não seja porque este é o segundo
juiz federal que se prepara para julgar o preso Cachoeira. O primeiro pediu
afastamento do caso, o que foi concedido, por ter sido pressionado e sofrido sérias
ameaças.
Essa
é apenas uma das razões por que defendo que os juízes, procuradores e
promotores têm de ganhar bons salários, são profissões de alto risco e enormes
responsabilidades, afinal decidem sobre a liberdade física e econômica das
pessoas.
Imaginem,
se o depoimento do juiz federal for verossímil, o desespero desta mulher ao
tentar subornar o juiz.
Ela
viu certamente que pelos métodos curiais seu marido não seria solto. Partiu então
para a ignorância e ofereceu suborno ao juiz.
De
outra parte, Cachoeira depôs dias atrás na Justiça Federal. Estranhamente, o
que nunca tinha acontecido antes, deixou a todos boquiabertos na audiência: recusou-se
a proceder à sua defesa e apenas declarou que amava sua mulher, tecendo elogios
candentes a ela, enfim, depôs somente uma declaração de amor.
E se
agora assiste do fundo da prisão à sua mulher tentar subornar o juiz, há de amá-la
ainda mais, senão pela dedicação, mas sim pela coragem.
Coragem
meio burra, mas coragem.
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