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domingo, 27 de março de 2011
ELIANE CANTANHÊDE
Dilminha paz, amor e arte
BRASÍLIA - Nem só de corte no Orçamento, luta contra a inflação, cargos do PMDB, reuniões e recepções vive a presidente Dilma Rousseff. Nas horas vagas, ela estuda o acervo de telas e esculturas do Banco Central, para criar um museu de arte brasileira em Brasília.
Washington tem um museu a cada esquina, de arte clássica e contemporânea, Holocausto, ciência, imprensa. Buenos Aires tem o Malba (artes latino-americanas), que ela acha "espetacular". E Brasília?
Quem procura acha, e Dilma está fascinada pelos Portinari, Di Cavalcanti, Bonadei e Cícero Dias confiscados de inadimplentes e espalhados por BC, INSS, CEF e Banco do Brasil. "O povo tem de ver!"
Ela não disse, mas bem que o próximo lote poderia ser do ex-banqueiro Edemar Cid Ferreira, que faliu o Banco Santos e deixou relíquias bilionárias numa mansão-museu no Morumbi, em São Paulo.
Dilma gostaria de pendurar uma obra ou outra no Alvorada, "mas não tem paredes!". A relação com o palácio, aliás, é ambígua. Acha "lindíssimo" e conta a reação de Sasha, filha de Obama, ao chegar: "É a casa mais bonita que já vi". Mas reclama: "Para ir do quarto à cozinha, só de patins".
Sem se sentir dona do Brasil, dos palácios e dos acervos, ela parece de bem com a vida de presidente e disposta a abrir as portas do Alvorada, como fez na na sexta-feira para muitas cineastas e poucas jornalistas jantarem, tagarelarem e assistirem a "É Proibido Fumar", dirigido por Anna Muylaert e estrelado por Glória Pires, ambas presentes.
Dilma livrou o Brasil do vexame de se abster em votações sobre os direitos humanos, desmontou o palanque do antecessor e se empenha em acabar com o clima belicoso do eu contra tu, nós contra eles.
Enquanto a inflação for só ameaça, a previsão do PIB ficar em 5% e não surgir nenhum escândalo, o Planalto está mais pacificado do que o Complexo do Alemão. Em cena, Dilminha paz, amor e arte.
elianec@uol.com.br
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