segunda-feira, 21 de março de 2011



21 de março de 2011 | N° 16646
KLEDIR RAMIL


Carnaval de rua

O Carnaval do Rio de Janeiro está cada vez mais animado. Além do tradicional desfile das escolas de samba que sacode a Sapucaí, de uns anos pra cá foi revitalizado o Carnaval de rua. São centenas de blocos que levam alegria para todos os bairros. E xixi. E engarrafamento.

Eu, que já não me atrevia a viajar nessa época do ano para evitar estradas congestionadas, agora não saio nem de dentro de casa. Eu não me mexo, em compensação meus filhos... É um tal movimento de entra e sai que eu não consigo acompanhar se estão chegando para dormir ou saindo para mais um bloco. A folia acontece o dia inteiro, tem até bloco que desfila às 8h da manhã.

Teve um dia em que meu filho saiu fantasiado de Post-it. No dia seguinte, com um capuz de plástico enfiado na cabeça, me disse que estava fantasiado de camisinha. Minha filha estava linda de Jessica Rabbit, e depois de Zorro, que ela insiste em dizer que era outra coisa, tipo “beijo me liga da Justiça”. Não entendi. A criatividade não tem fim.

Pelas ruas, o que se viu foi essa criatividade levada ao extremo. Teve um que se fantasiou de Facebook. Outro de Google Maps. Outro de PacMan. Um cara meio gordo se enfiou dentro de um enorme tubo de papelão e saiu fantasiado de papel higiênico usado. Tinha gente fantasiada de táxi, de cone humano, de banheiro químico, de Toddynho. Um malandro levou uma vara de pesca com vários cartões de crédito no lugar de isca para, segundo ele, “pescar alguma gostosa”.

Outra bem-humorada tradição do Carnaval carioca são os nomes dos blocos: Suvaco de Cristo (cuja concentração é bem embaixo dos braços abertos do Redentor), “Vem ni mim que eu sou facinha”, “Simpatia é quase amor”, “Que merda é essa?”, “Empurra que pega”, “Meu bem, volto já”, “Azeitona sem caroço”, “Largo do Machado, mas não largo do copo”, “Chupa mas não baba”, “Se me der, eu como”, “Pressão Alta”, “Virilha de minhoca”, “Vai tomar no Grajaú”, “Sargento Pimenta” (só com músicas dos Beatles), “Me beija que eu sou cineasta” (que esse ano ganhou o apelido de BlocoBuster) e muitos outros.

Quando perguntei ao meu filho o que rolava de tão interessante nesse Carnaval de rua, ele me respondeu o óbvio: “Pegação, Dad. Só hoje, no Bangalafumenga, eu fiquei com sete”.

Tipo da coisa que não dá pra descobrir se você ficar, como eu, acompanhando o Carnaval pela televisão.

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