Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
quinta-feira, 24 de março de 2011
24 de março de 2011 | N° 16649
L. F. VERISSIMO
O porrete
“Fale suavemente, mas carregue um porrete” era a receita do presidente (1901 a 1909) americano Theodore Roosevelt para o sucesso na política externa. Barack Obama fala suavemente, como se viu na sua visita recente ao Brasil, mas não descartou o porrete como arma política que herdou dos seus antecessores, apesar de tê-lo criticado para se eleger.
Tudo se repete na Líbia, a começar pela hipocrisia da indignação seletiva: alguns tiranos antes tolerados, quando não abertamente apoiados como o Saddam, passam a ser inaceitáveis e atacáveis enquanto o porrete poupa outros, que ainda servem.
Depois virão as baixas civis denunciadas por um lado e negadas pelo outro, as fotos de crianças mutiladas, as discussões sobre a eficiência ou não dos ataques aéreos “cirúrgicos” etc. E teremos mais um exemplo dessa contribuição moderna às táticas de guerra, a estranha doutrina do bombardeio humanitário.
Teses chocantes
Cristopher Hitchens e Alexander Cockburn se alternavam numa página da revista americana “The Nation”, uma semana um, uma semana outro. Até que Hitchens surpreendeu leitores e editores da “Nation” com sua posição a favor da intervenção americana no Iraque, uma posição que até hoje ele é obrigado a defender da perplexidade geral quando se apresenta em público. A revista não o demitiu, mas Hitchens acabou pedindo para sair. Ficou Cockburn, que continua, apesar de também destoar da linha da revista, no seu caso sendo às vezes até mais radicalmente esquerdista do que ela.
Mas Cockburn também teve seu momento Hitchens, expondo uma opinião inesperada que chocou todo o mundo. Sua tese é que toda a questão ambiental, do aquecimento global e dos males do combustível fóssil é na verdade uma campanha da indústria nuclear, que quer nos assustar para monopolizar o fornecimento de energia no planeta.
Segundo Cockburn, o mundo não está esquentando, os polos não estão derretendo, os rios não estão morrendo, há petróleo de sobra para mais alguns milhares de anos e, quando o petróleo acabar, teremos o etanol e outras fontes naturais renováveis. E o vento. E a energia solar.
Cockburn é um jornalista respeitado. Suas posições progressistas o credenciam para os leitores da “Nation” que, no entanto, na sua provável totalidade, não têm dúvida sobre os estragos da poluição ambiental negados por Cockburn. É previsível que as cartas de leitores incrédulos atacando Cockburn diminuam depois das notícias do desastre ecológico na usina nuclear de Fukushima, mas ele não vai conseguir convencer muita gente.
E será interessante ver o que Cockburn escreverá sobre Ann Coulter, a boneca loira do reacionarismo americano, que há dias propôs na TV outra tese chocante, a de que a radioatividade faz bem às pessoas.
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