Aqui voces encontrarão muitas figuras construídas em Fireworks, Flash MX, Swift 3D e outros aplicativos. Encontrarão, também, muitas crônicas de jornais diários, como as do Veríssimo, Martha Medeiros, Paulo Coelho, e de revistas semanais, como as da Veja, Isto É e Época. Espero que ele seja útil a você de alguma maneira, pois esta é uma das razões fundamentais dele existir.
terça-feira, 29 de março de 2011
29 de março de 2011 | N° 16654
LIBERATO VIEIRA DA CUNHA
Por falar em chatos
Foi Guilherme de Figueiredo quem escreveu um livro divertido, irônico e sábio. Chama-se Tratado Geral dos Chatos.
É, pois, com algum receio de soar recorrente que deixo aqui uma modesta porém sincera contribuição ao tema.
Revi, há séculos, uma deusa que, milhares de anos antes, me havia enfermado de paixão. Como se, em verdade, desde nosso comum desencontro, tivessem transcorrido nada mais de cinco minutos, ela reinaugurou uma doce intimidade, na qual mergulhamos cúmplices e aprazidos, até que adentrasse, sem licença, na conversa, um conhecido ocasional.
Esse tipo adorava o som da própria voz e pontificou sobre política, finanças e reumatismo. Classifico esse sujeito, que matou na hora instantes de enlevo, na categoria dos Chatos Interrompentes.
Entrevistava um gênio da sociologia, numa de suas raras visitas a Porto Alegre. Arrancava dele recordações e confissões inéditas. Eis quando surge, inconvidado, um amigo desse luminar da ciência, que se elegeu o polo das atenções, com minúcias tolas e desimportantes. Será preciso dizer que o intrometido atalhou pela metade um diálogo que prometia converter-se no testemunho de toda uma vida? Esse cara pode ser incluído com honras no elenco dos Chatos Autocentrados.
Andava em Madri e, mal me acomodara no hotel, recebi uma mensagem: o professor Tamarindo me aguardava na portaria. Desci, curioso, e topei com um tipo que era a imagem da prontidão. Oferecia-se para guiar-me por museus, igrejas, palácios da belíssima capital. Recusei polidamente, mas o professor Tamarindo converteu-se em minha sombra.
Para mal dos pecados, era cordial, prestativo e enciclopédico. Mas quando engrenou numa canhestra interpretação de As Meninas, de Velázquez, enchi as medidas. Despachei-o com um punhado de dólares e lá se foi ele, feliz, extorquir novos incautos. Era o modelo pronto e acabado do Chato Mordedor.
Não foram, claro, os únicos representantes da amoladora espécie que encontrei em Pindorama ou sob céus distantes. Mas hoje penso que teria me livrado de todos eles se pusesse por uns instantes a boa educação de lado.
Pois para se livrar de chatos, me convenci, é necessário um truque: ser mais chato do que eles.
Linda terça-feira para você. Aproveite o dia
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