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terça-feira, 29 de março de 2011
29 de março de 2011 | N° 16654
PAULO SANT’ANA
Saúde e futebol
Quem teve a ideia, em alguma parte do mundo, quem teve a maravilhosa ideia de inventar o seguro-saúde?
Fico a me imaginar já morto ou terrivelmente inutilizado se não fosse segurado de plano de saúde privado.
Se eu fosse segurado do SUS, que por sinal presta relevantes serviços aos brasileiros, por certo já teria sucumbido às minhas doenças.
Por onde fui nos últimos anos, na procura célere de soluções para os meus problemas de saúde, pelas clínicas e hospitais onde andei, vali-me do cartão de convênio de saúde.
Se eu fosse segurado do SUS, há anos estaria enfrentando essas filas dramáticas das consultas, dos exames e das cirurgias do SUS.
Teria certamente soçobrado.
Talvez por isso mesmo é que batalhei incessantemente nesta coluna, durante longos anos, pela melhora dos serviços do SUS, pensando nos outros, comparados a mim.
Eu não me conformo que os outros, os segurados do SUS, não tenham o atendimento que eu tenho.
Sei que esse é o grande dilema e a grande preocupação também, e muito, dos médicos, das enfermeiras e de todo o pessoal empregado em Saúde, é sobre eles que se desaba o desatino desesperado das emergências e dos hospitais.
Quanta gente morre à espera do atendimento gratuito de saúde! Quanta gente! Milhares, milhões.
Isso não é digno de qualquer processo civilizatório. Porque saúde é sempre problema de urgência, de emergência.
Por isso é que durante anos chateei os meus leitores referindo-me às filas das consultas, dos exames e das cirurgias do SUS.
Por isso é que não me conformo também com a realização da Copa do Mundo no Brasil em 2014.
Com menos da metade do dinheiro público, que sairá dos cofres dos governos para realizar a Copa do Mundo, estaria solucionado o problema de saúde de todos os brasileiros, que seríamos desta forma invejados pelo mundo na forma como trataríamos os nossos doentes.
Essa ideia de trazermos a Copa do Mundo para cá é uma das maiores insanidades que conheço, apenas para realizar dezenas de partidas de futebol, a maioria delas desinteressantes, em troca da saúde e da vida do nosso povo.
Insanidade!
Haverá o dia em que os governos tomem consciência de que com o que arrecadam poderão solucionar todos os mais graves problemas de que o Brasil é alvo.
Haverá de chegar esse dia.
E conclamo a todos que se unam para continuar batendo nessa tecla do desperdício do dinheiro público.
Esse ralo vai ter de acabar.
Para felicidade geral do povo brasileiro.
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