sexta-feira, 18 de março de 2011



18 de março de 2011 | N° 16643
PAULO SANT’ANA


Por definitivo, sou burro

A jornalista Milena Fischer é uma das melhores pensadoras da Redação de Zero Hora.

Além de excelente raciocinadora, é uma mulher bela.

Pois a Milena me disse no fumódromo que tem uma fotografia minha na parede de seu closet, em sua residência.

Calma lá, leitores, não sou símbolo sexual de Milena. Eu sou símbolo intelectual de Milena.

Eu de vez em quando me autointitulo gênio. Mas só por brincadeira, embora muitas pessoas me considerem um gênio.

Mas eu não me considero. Eu até acho que sou uma das pessoas mais burras que conheço.

Tanto sou burro que casei duas vezes.

Tanto sou burro que, apesar das bandalheiras que cercam os pardais gaúchos, apesar das discrepâncias salariais existentes no serviço público, apesar de um ascensorista do Poder Legislativo ganhar mais que o funcionário mais categorizado do Poder Executivo, apesar de na segunda-feira passada um motorista de táxi tentar me atropelar quando eu estava atravessando a rua na faixa de segurança, na esquina da Cristóvão Colombo com Felicíssimo de Azevedo, quando me salvei somente por uma destreza incrível que tive para um homem de minha idade, apesar de pais estuprarem filhas e filhas abjurarem seus pais, ainda acredito na raça humana.

Tanto sou burro que fumo três maços de cigarros por dia e, sendo diabético, me apanho por vezes comendo três mil-folhas ou quatro potes de arroz de leite.

Tanto sou burro que acredito ainda que um dia a Maria Rita possa gravar um disco de músicas interpretadas por sua mãe, Elis Regina.

Como eu sou burro, a Maria Rita diz que evita comparação sua com sua mãe, quando justamente entendo que o melhor da Maria Rita, o mais atrativo nela, é compará-la com sua mãe. Mas fui falar isso para outras pessoas e elas me disseram que Maria Rita tem razão, tem de fugir da comparação com sua mãe como o diabo da cruz.

Como eu sou burro!

Tanto sou burro que me entrego por vezes ao desatino de achar que sou inteligente.

Tanto sou burro que não entendo por que, quando o Kadafi estava perdendo a guerra para os insurrectos líbios, as maiores nações do mundo desataram a falar mal dele.

E mal ele começou a revirar a guerra e passou a vencê-la, algumas das maiores nações do mundo ocidental começaram timidamente a elogiá-lo, só pode ser por olho no seu petróleo e por ver nele um antídoto ao extremismo islâmico.

Ou não é essa minha visão uma burrice?

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