quarta-feira, 30 de março de 2011



30 de março de 2011 | N° 16655
PAULO SANT’ANA


Mansas e bravas

Entre os que casaram duas vezes com a mesma mulher está um amigo meu, mas há outro que fez algo parecido.

Ele realizou a sua lua de mel numa viagem a Recife, hospedou-se com sua noiva no Hotel Jangadeiros e foi feliz por lá durante 10 dias.

Pois esse homem também é meu amigo e veio me dizer ontem que completou agora no mês passado 30 anos de casado.

E, para comemorar a data, ele levou sua mulher à mesma cidade de Recife, hospedou-se no mesmo Hotel Jangadeiros, da Praia da Boa Viagem, conseguiu com o gerente do hotel o mesmo quarto em que se hospedara 30 anos antes com sua mulher e ali há três décadas celebraram tórrida lua de mel.

Quando ele me contou esse fato, eu caí duro para trás. Porque está certo que um homem viaje para a mesma cidade onde realizou sua lua de mel há 30 anos.

É compreensível também que se hospede no mesmo hotel e no mesmo quarto em que se hospedou 30 anos atrás, quando de sua lua de mel.

Tudo isso é aceitável, a mesma praia, o mesmo hotel, o mesmo quarto de 30 anos atrás, a mesma cidade.

Tudo bem, só não aceito a mesma mulher.

A mesma mulher de 30 anos atrás foi dose.

Lendo sábado passado neste espaço a Milena Fischer como minha interina, cheguei à conclusão de que posso até ser gênio, mas não sou único nem insubstituível.

Cheguei à conclusão, certa vez, vendo da janela de um alto edifício em Punta del Este as duas praias, que se encontram na Península, a Praia Mansa e a Praia Brava, que os homens imitam essas duas praias.

Praia Mansa porque é do Rio da Prata, que é incrivelmente azul em Punta e possui águas calmas.

Praia Brava porque é do Oceano Atlântico, que faz ondas altas e revoltas.

Se não fossem geladas as águas das Praias Mansa e Brava, Punta del Este seria maior e mais populosa e mais engarrafada que Miami.

E graças a Deus que as águas são geladas em Punta, com isso não há engarrafamento.

Mas os homens imitam essas duas praias, hora são bravos, ora são mansos.

Há homens explosivos e há homens serenos. Há homens intempestivos e há homens cordatos.

Há homens agressivos e há homens ternos.

A natureza dos homens, pois, é igual à natureza das Praias Mansa e Brava.

O homem imita, portanto, a natureza.

E como são belas aquelas duas praias! Talvez tão belas quanto a minha preferida Jurerê, só que de água tépida.

Bebi um vinho estes dias com o casal formado pela talentosa e bela juíza de Direito Jane Vidal e o cantor nativista e advogado João de Almeida Neto, meus amigos.

E eu disse assim para a Jane, diante do João, copiando um verso de Mario Quintana: “Senhora, eu vos amo tanto que até por vosso próprio marido sinto um certo quebranto.”

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