Entrelacos

10 de março de 2011 | N° 16635
CLAUDIA TAJES

Mulher bonita faz mal à saúde

Em um de seus mais famosos romances, A Mulher que Escreveu a Bíblia, Moacyr Scliar conta a história de uma mulher feia de doer que se salvou da rejeição de Deus e o mundo, justamente, escrevendo. Acontece.

Pois a feiosa do saudoso Scliar adoraria o resultado de mais uma pesquisa de inutilidade pública, das que volta e meia aparecem por aí. Essa foi divulgada no ano passado pela Universidade de Valência, na Espanha, após exaustivos estudos com 84 abnegados cobaias, e descobriu que mulheres bonitas fazem mal à saúde dos homens. Por razões científicas.

De acordo com os pesquisadores, o nível do cortisol, hormônio produzido pelo corpo humano em condições de pressão física ou emocional, sobe muito quando os homens ficam perto de belas mulheres. Tudo porque a simples presença de uma bonitona é capaz de induzir a impressão, nem sempre de forma consciente, de haver ali uma oportunidade de conquista.

Logo, a sensação é a de uma prova a vencer. Em níveis elevados, o cortisol pode causar desde fraqueza muscular, sensibilidade da pele e aumento de peso até diabetes, doenças cardíacas e impotência. Para a produção disparar, bastariam cinco minutos de um mero contato social com qualquer desconhecida de aparência agradável.

Quem assistiu aos desfiles das escolas de samba pela TV, portanto, salvou-se. Mas os que estiveram na avenida e conseguiram tirar fotos com as passistas da Tinga, esses correram perigo. Dentro da nova perspectiva, talvez seja melhor pensar duas vezes antes de entrar no elevador com a guria mais linda do escritório, só você e ela. Se decidir pela aventura, peça para um amigo ficar a postos com um kit de socorro rápido.

Dúvida que a pesquisa não esclareceu: se o cortisol é produzido também pelas mulheres, por que elas não sofreriam da mesma mazela? Pelo sim, pelo não, é aconselhável recusar um jantar com o Jude Law, no caso de um convite dele?

Se a pesquisa foi uma vingança de alguma cientista inconformada com a beleza alheia, é bom dizer que não adiantou nada. Consultados a respeito, milhares de homens se disseram dispostos a enfrentar o risco. Mais ou menos como fazem ao ir para a praia com um pingo, ou nada, de protetor solar.

O jeito é escrever.