06
de fevereiro de 2013 | N° 17335
EDITORIAIS
A manipulação e o
congelamento
É inesgotável
a capacidade do governo argentino de produzir medidas excêntricas, na tentativa
de reanimar a economia, administrar preços e atenuar a insatisfação popular. A
decisão mais recente traz de volta o congelamento de preços nos supermercados,
como se um recurso fracassado, depois de testado por vários países, entre os
quais o Brasil, pudesse produzir algum efeito duradouro.
Controlar
preços, mesmo que com o argumento de que a estratégia resulta de um acordo, é uma
tentativa desesperada do governo Cristina Kirchner de produzir mágicas. A
Argentina vai mal na economia, na área social e na política por conta de
desacertos que se acumulam na Casa Rosada.
Há uma
clara admissão de desespero no tabelamento de alimentos e outros produtos básicos.
Desde o ano passado, instituições locais e internacionais suspeitam da manipulação
dos índices de inflação. O Fundo Monetário Internacional (FMI) emitiu uma moção
de censura à Argentina, acusando-a de falta de exatidão nas estatísticas econômicas
oficiais.
Estão
sob suspeita não só os índices de preços, mas também a evolução do PIB e outras
contas públicas. Pesquisas independentes são confrontadas com os levantamento
do Indec, o instituto oficial, para mostrar que a inflação em 2012 ficou em 25%,
enquanto o governo insiste em que não passou de 11%.
Um
país deixa de ser confiável quando, entre outros erros, seu governo comete o
atrevimento de manipular dados para enganar a população, os credores externos e
os investidores. É o que ocorre com a Argentina, onde a presidente exerce o
poder com medidas autoritárias, como as que tentam manietar a imprensa e todos
os que têm opiniões contrárias às posições governistas. Foi como parte desse
esforço que Cristina Kirchner proibiu órgãos privados de divulgar pesquisas
sobre preços.
O
novo peronismo apega-se, assim, a pirotecnias e ao discurso de que é um bastião
do anti-imperialismo, enquanto seus erros corroem a moeda nacional, a
autoestima da população e a reputação internacional do país.
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