30
de janeiro de 2013 | N° 17328
PAULO
SANT’ANA
O meu
Salieri
Foi
divertidíssimo ler a página do David Coimbra de domingo passado em Zero Hora.
Ele
escreveu que todos os dias assiste a pessoas serem besuntadas com o adjetivo de
gênio, quando na verdade gênio era só o Mozart.
Qualquer
criança de colégio sabe que o David se referia aos leitores que me chamam de
gênio insistentemente. E isso causa urticária no David, como ele próprio
escreveu.
Ele
não tolera que chamem de gênio qualquer colega dele de jornal.
Foi
bom o David lembrar o célebre compositor Mozart, porque me fez recordar
Salieri, o compositor da época que afrontava e não reconhecia Mozart.
É
que, com sua renitência à palavra gênio nos dias de hoje, o David acaba se
consagrando como o meu Salieri. Eu comparo o Coimbra ao Salieri, que, como o
filme Amadeus mostrou, não tolerava que a Europa chamasse Mozart de gênio.
Gozado,
eu não me irrito quando leitores chamam o Luis Fernando Verissimo de gênio. E
até por isso procurei o Verissimo no outro dia, dou como testemunha a mulher
dele, a Lúcia, e disse-lhe que quando o chamam de gênio eu me orgulho por ser
10 vezes mais lido do que ele em ZH, o que no entanto não autoriza ninguém a me
chamar de decagênio.
Mas,
pensando bem, acho que é justo comparar o David ao Salieri. Porque estou assim
reconhecendo que ele está entrando para a história atual no exato lugar do
Salieri: o placê do páreo.
É
preciso que se diga que Salieri tinha algum talento e um certo brilho, deu azar
porque nasceu na época do Mozart.
Só
sabem os gremistas da importância do jogo de hoje na Arena. Se o Grêmio vier a
tirar dois gols de diferença em vitória sobre a LDU, estará garantido na
Libertadores para o próximos meses e ele e a OAS ganharão rios de dinheiro.
Se,
no entanto, o Grêmio não se classificar, restará a ele um ano monótono como o
do Internacional.
Então,
o jogo de hoje é decisivo para o futuro do Grêmio sob a batuta do Fábio Koff,
que tem fama de laureado.
Mas
há um fato que não tem explicação. É até natural e explicável que nesses
primeiros jogos na Arena haja confusão para aquisição de ingressos, localização
de boxes no estádio e outras complicações.
O
que não se pode aceitar de forma alguma é que o gramado da Arena esteja péssimo
para a prática do futebol.
O
gramado é o equipamento mais importante de um estádio de futebol. E o agrônomo
que cultivou o gramado da Arena é no mínimo um desastrado. Como é que ele, com
tanto tempo que teve para plantar o gramado, apresenta-nos um areão daqueles?
Não
tem explicação. É a pedra no sapato do Grêmio nesta decisão.
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