SÉRGIO DÁVILA
Homem
novo, raposa velha
SÃO PAULO - Foi bom para o Fernando Haddad candidato a
prefeito que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparecesse a seu lado
durante a campanha, chancelando-o e o levando pelas mãos em sua estreia na
disputa por um cargo majoritário.
É ruim para o Fernando Haddad prefeito que Lula reúna-se com
seu secretariado e saia dando ordens e definindo diretrizes de governo, como
fez na última quarta.
A ingerência dá um ar de República de Bananas à prefeitura
da maior cidade do país e apequena aquele que foi escolhido pela maioria do
povo para comandar a metrópole.
Lula retornava das férias e planeja reeditar em 2013 suas
"Caravanas da Cidadania" (1993-1996) pelo país, não se sabe ao certo
com que objetivo.
Os norte-americanos resolveram o problema dos ex-presidentes
em 1951, quando foi aprovada a 22ª Emenda à Constituição dos EUA, proibindo que
eles voltem ao cargo depois de exercidos dois mandatos, consecutivos ou não.
Desde então, todos respeitam a regra não escrita segundo a
qual ex-presidente também não disputa outro cargo eletivo após deixar a Casa
Branca. Nem dá palpites na gestão dos outros, sejam presidentes, governadores
ou prefeitos.
Geralmente, dedicam-se a causas humanitárias, como Jimmy
Carter e Bill Clinton, ou recolhem-se à vida privada, como George W. Bush,
reaparecendo apenas em época de eleição, para apoiar os candidatos de seus
partidos.
Por aqui, por falta de lei e de costume, nossos
ex-presidentes ficam boiando num perigoso limbo político, sempre tentados a
voltar a uma disputazinha nas urnas.
Fernando Haddad é prefeito dos paulistanos, não dos petistas
-menos ainda dos lulistas. Deveria ouvir eventuais sugestões do ex-presidente
em privado, seja na prefeitura, seja no Instituto Lula, seja no gabinete da
Presidência em São Paulo.
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