domingo, 20 de janeiro de 2013


SÉRGIO DÁVILA

Homem novo, raposa velha

SÃO PAULO - Foi bom para o Fernando Haddad candidato a prefeito que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aparecesse a seu lado durante a campanha, chancelando-o e o levando pelas mãos em sua estreia na disputa por um cargo majoritário.

É ruim para o Fernando Haddad prefeito que Lula reúna-se com seu secretariado e saia dando ordens e definindo diretrizes de governo, como fez na última quarta.

A ingerência dá um ar de República de Bananas à prefeitura da maior cidade do país e apequena aquele que foi escolhido pela maioria do povo para comandar a metrópole.

Lula retornava das férias e planeja reeditar em 2013 suas "Caravanas da Cidadania" (1993-1996) pelo país, não se sabe ao certo com que objetivo.

Os norte-americanos resolveram o problema dos ex-presidentes em 1951, quando foi aprovada a 22ª Emenda à Constituição dos EUA, proibindo que eles voltem ao cargo depois de exercidos dois mandatos, consecutivos ou não.

Desde então, todos respeitam a regra não escrita segundo a qual ex-presidente também não disputa outro cargo eletivo após deixar a Casa Branca. Nem dá palpites na gestão dos outros, sejam presidentes, governadores ou prefeitos.

Geralmente, dedicam-se a causas humanitárias, como Jimmy Carter e Bill Clinton, ou recolhem-se à vida privada, como George W. Bush, reaparecendo apenas em época de eleição, para apoiar os candidatos de seus partidos.

Por aqui, por falta de lei e de costume, nossos ex-presidentes ficam boiando num perigoso limbo político, sempre tentados a voltar a uma disputazinha nas urnas.

Fernando Haddad é prefeito dos paulistanos, não dos petistas -menos ainda dos lulistas. Deveria ouvir eventuais sugestões do ex-presidente em privado, seja na prefeitura, seja no Instituto Lula, seja no gabinete da Presidência em São Paulo.

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