sexta-feira, 18 de janeiro de 2013



O smoking do Messi

Não são apenas os caras de Hollywood que gostam de inovar. Leonel Messi foi receber, pela quarta vez, o prêmio de melhor do ano com um surpreendente smoking de seda de um botão, com pequenas bolinhas brancas e lapela de cetim, modelo criado especialmente pela grife Dolce & Gabbana para ele. Dizem que a sugestão foi do patrocinador, e a roupa lembra um terno usado pelo Maradona, também de bolinhas.

Homenagem? Tirando a gravata-borboleta, que não precisava ser do mesmo tecido e tão grande, e a largura um pouco excessiva da lapela, achei a ousadia legal. Messi fugiu do lugar-comum e conseguiu não cruzar, ao menos de todo, a tênue linha que separa a extravagância da elegância. Todo mundo falou do assunto. A coisa rendeu. Messi, com seu visual arrojado, ficou parecido com o simpático ratinho órfão Stuart Little em traje de gala.

O craque coloca mais um capítulo e umas fotos interessantes em sua já fantástica biografia. Moda masculina, em geral, é bem conservadora, e a maioria dos caras prefere terno preto, camisa branca, gravata discreta, cinto, sapatos e meias de cor preta e quase nada ou nada de acessórios.  Artistas, jogadores e outras celebridades, movidos muitas vezes pelos consultores de moda e de imagem - ou pelos fabricantes -, vestem roupas ousadas.

Viram manequins por uma noite, mesmo a contragosto. Messi, por exemplo, é discreto, certinho, e foi uma agradável surpresa vê-lo trajando o smoking com bolinhas. Bom, tudo bem, ele não apareceu com paletó de estampa de onça ou vestindo casaco de smoking coberto com dois mil cristais Swarovski. O traje causou a polêmica e o impacto desejados, mas acho que a grife não deverá receber encomendas da roupa.

Ao menos trajes exatamente iguais, penso que não. O tal smoking pijaminha é tipo esses vestidos de estilista, que devem e podem ser usados uma vez só, em ocasiões muito especiais, marcando alguma tendência. De qualquer modo, novidades são, em princípio, sempre bem-vindas. O novo sempre vem. Sempre vem bem. Manequim de funerária, todo de preto; pinguim, em preto e branco; pavão, em muitíssimas cores e outros visuais estão aí.

O mais importante é o cara se sentir bem, à vontade, simples e elegante. O que importa é que o que está dentro da embalagem seja mais e melhor do que ela. É a velha história: existe diferença entre estar bem-vestido e estar enfeitado, empacotado para presente ou, simplesmente, vendendo confecções e dando um retorno para os financiadores. 

Jaime Cimenti

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