25 de janeiro de 2013 |
N° 17323
DAVID COIMBRA
Contra e a favor
Sou contra os pitbulls. Também
sou contra dar esmola, contra os outdoors, contra os caras que batem nos gays.
Por que esses caras batem nos gays? Que mal alguém faz em ser gay? Francamente.
Sou a favor do Lula, mas também
sou a favor do Fernando Henrique. Aliás, da Dilma e do Itamar sou igualmente a
favor, mas sou contra o Collor e o Maluf. Agora: não tenho nada contra quem faz
aliança com eles. Entendo. Política é assim. Brizola, de quem sou a favor,
aliou-se a Collor; Lula, a Maluf. Conveniências. A política é a arte da
conveniência.
Não sou contra a conveniência,
mesmo que pareça algo levemente espúrio, porque, afinal, sou a favor da
tolerância. A tolerância nos torna humanos. Os Beatles já ensinaram: Let it be.
Deixa estar. Deixa pra lá. Viver assim, dizendo “let it be”, é muito melhor.
Faz a vida mais leve.
Por sinal, sou a favor da leveza
e dos Beatles, embora também seja a favor da profundidade e dos Stones.
As pessoas confundem tristeza com
profundidade. Bobagem. Há muita tristeza sem conteúdo por aí. Sou contra a
tristeza. Quanto mais tristeza, mais tristeza. A tristeza se retroalimenta. A
alegria também. Sou a favor da alegria. A alegria pode levar à felicidade. O
sorriso, um ato físico, pode curar as dores da alma.
Mas sou a favor de algumas dores.
Quer dizer: da necessidade de senti-las. O luto, por exemplo, tem de ser
usufruído, para que a pessoa se acostume com a perda. Até porque, todos
sabemos, a vida é feita de perdas. Obviamente, sou contra as perdas, não há
quem não seja, ainda que sejam inevitáveis. Sei que passamos a vida fazendo
escolhas e, quando optamos por isso, perdemos aquilo. Triste. Mas é melhor não
pensar nisso: sou contra a tristeza.
Sou a favor do riso, dos amigos
na mesa do bar, de comer e beber com quem se gosta. Mas sou contra quem dirige
embriagado, sobretudo na estrada. Sou a favor de pegar táxi. É preciso ter
cuidado com acidentes, o homem é um ser físico, bom sempre lembrar disso. Um
problema físico, um único que seja, pode acabar com uma vida. Isto é, sou a
favor da prudência. Nada de riscos desnecessários. Portanto, não pularia de
paraquedas, apesar de não ser contra quem pule, desde que não seja alguém que
eu ame.
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