20 de janeiro de 2013 | N° 17318
QUASE PERFEITO | Fabrício
Carpinejar
“Traí meu marido com o enteado”
“Estou casada há cinco anos com
um homem de 55, ele tem um filho casado, de 26. No início, eu e o rapaz
tínhamos problemas. Ele não me aceitava muito bem. O tempo foi passando e
apareceu um sentimento que nem sabemos bem o que é. No mesmo período, meu
marido ficou doente e o quadro se agravou.
Foram muitas as investidas dele,
acabei cedendo e saímos uma vez. O problema é que me sinto culpada, e o rapaz
continua insistindo, o que eu faço, meu Deus? Muito Obrigado pela atenção.
Abraço Maiara”
Querida
Maiara,
O sentimento que você não sabe
bem do que se trata é incesto.
Você ocupa um papel maternal,
mesmo que o filho não tenha nascido de seu ventre. É um filho moral.
Deveria ocupar a posição de
tutela, o polo feminino complementar ao marido. O fato do enteado ser adulto e
casado não representa atenuantes.
Filho será sempre uma criança,
qualquer que seja a idade.
Não poderia se envolver
sexualmente com o rapaz. Abusou da superioridade dos laços, da influência que
exerce em casa.
E coloca a situação de tal forma
que parece que não tinha como se defender: “Foram muitas as investidas dele que
acabei cedendo”. Que isso?
Não é verdade, querida. Não é uma
vítima, uma coitada, enganada pelo enteado. Quando se compra uma realidade,
temos que pagar com a memória. Ou pensava que seria de graça?
Sua crise de consciência não
provém do que fez de errado, mas do medo da delação, já que o jovem prossegue
insistindo e não quer vê-lo aborrecido e confidenciando a história ao pai.
Sequer está arrependida, receia
apenas ser descoberta. Incrivelmente considera o romance natural: que mundo
vive? Ainda coloca tintas de paixão na aproximação de vocês.
O inferno é hoje sua sala de
estar.
Cometeu uma traição trifásica:
corneou o marido, com ele doente e ainda com o filho dele. Impossível continuar
com o casamento.
Não há maior castigo a um homem,
a um pai, a um amante. Violentou todo o legado viril do esposo. Não deixou
nenhuma pedra sobre pedra da relação.
Nem a sinceridade tardia é capaz
de restaurar a convivência. Concordou que o filho humilhasse o pai e cumprisse
o pesadelo psicológico de ocupar o lugar dele na cama.
Nem o completo silêncio abafará o
peso da culpa, condenados a fingir naturalidade em almoços, jantares e
aniversários daqui por diante.
O resultado da brincadeira:
marido traído, nora traída, enteado desequilibrado e família em ruínas.
Meu Deus, sou eu que digo.
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