sábado, 19 de janeiro de 2013



20 de janeiro de 2013 | N° 17318
QUASE PERFEITO | Fabrício Carpinejar

“Traí meu marido com o enteado”

“Estou casada há cinco anos com um homem de 55, ele tem um filho casado, de 26. No início, eu e o rapaz tínhamos problemas. Ele não me aceitava muito bem. O tempo foi passando e apareceu um sentimento que nem sabemos bem o que é. No mesmo período, meu marido ficou doente e o quadro se agravou.

Foram muitas as investidas dele, acabei cedendo e saímos uma vez. O problema é que me sinto culpada, e o rapaz continua insistindo, o que eu faço, meu Deus? Muito Obrigado pela atenção. Abraço Maiara”

Querida Maiara,

O sentimento que você não sabe bem do que se trata é incesto.

Você ocupa um papel maternal, mesmo que o filho não tenha nascido de seu ventre. É um filho moral.

Deveria ocupar a posição de tutela, o polo feminino complementar ao marido. O fato do enteado ser adulto e casado não representa atenuantes.

Filho será sempre uma criança, qualquer que seja a idade.

Não poderia se envolver sexualmente com o rapaz. Abusou da superioridade dos laços, da influência que exerce em casa.

E coloca a situação de tal forma que parece que não tinha como se defender: “Foram muitas as investidas dele que acabei cedendo”. Que isso?

Não é verdade, querida. Não é uma vítima, uma coitada, enganada pelo enteado. Quando se compra uma realidade, temos que pagar com a memória. Ou pensava que seria de graça?

Sua crise de consciência não provém do que fez de errado, mas do medo da delação, já que o jovem prossegue insistindo e não quer vê-lo aborrecido e confidenciando a história ao pai.

Sequer está arrependida, receia apenas ser descoberta. Incrivelmente considera o romance natural: que mundo vive? Ainda coloca tintas de paixão na aproximação de vocês.

O inferno é hoje sua sala de estar.

Cometeu uma traição trifásica: corneou o marido, com ele doente e ainda com o filho dele. Impossível continuar com o casamento.

Não há maior castigo a um homem, a um pai, a um amante. Violentou todo o legado viril do esposo. Não deixou nenhuma pedra sobre pedra da relação.

Nem a sinceridade tardia é capaz de restaurar a convivência. Concordou que o filho humilhasse o pai e cumprisse o pesadelo psicológico de ocupar o lugar dele na cama.

Nem o completo silêncio abafará o peso da culpa, condenados a fingir naturalidade em almoços, jantares e aniversários daqui por diante.

O resultado da brincadeira: marido traído, nora traída, enteado desequilibrado e família em ruínas.

Meu Deus, sou eu que digo.

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