17
de janeiro de 2013 | N° 17315
PAULO
SANT’ANA
A areia do
Jacuí
Eu
estava a cismar ontem sobre qual a mensagem que quer mandar o quero-quero para
os homens quando a ave há séculos grita nos campos: “Quero-quero, quero-quero,
quero-quero!”.
Será
que não foi uma forma de adaptar-se à linguagem dos homens e fazer um apelo a
eles? O que será que quer o quero-quero? Será que não está dizendo que quer
respeito dos homens pelos animais?
Será
que não é um chamamento da ave para que nós, pessoas humanas, deixemos de
destruir lenta e terrivelmente a natureza e preservemos, assim, todas as
espécies animais, inclusive o quero-quero?
Visivelmente,
eu associei esta cisma minha de ontem com o quero-quero à reportagem da RBS TV
divulgada no domingo, quando todos ficamos sabendo que diariamente, à noite,
caravanas de grandes barcos se dirigem às margens do Rio Jacuí e retiram das
margens do rio milhares de toneladas de areia para construção, profanando a
natureza e terminando por lentamente ir assassinando o rio, que com essa
devastação está literalmente perdendo a condição de existir.
Será
que o que quer o quero-quero é que cessemos de depredar a natureza e de levar
junto para a morte e a destruição todas as espécies animais, o que no fim será
também a aniquilação da espécie humana?
Alguma
coisa está pretendendo nos dizer o quero-quero com essa mensagem nem tão
cifrada que emite todos os dias nas campinas gaúchas.
Os
safados que estão retirando toneladas de areia das margens do Jacuí sabem que são
patifes, pois foi mostrada na reportagem que eles retiram areia do rio todas as
noites, não o fazem de dia porque seriam flagrados e responsabilizados. São
canalhas. E lucram fortunas com essa retirada ilegal de areia das margens do
Jacuí.
O
que não se pode entender é que a RBS TV vai lá e mostra ao Rio Grande os barcos
retirando areia do rio e as autoridades não vão lá para coibir esse saque
desumano. Como é que as autoridades competentes não agem para coibir esses
desmandos fatais?
Ouvi
dizer que o rio ou lago Guaíba implora para que retirem areia de seu leito e
ninguém tira. Vão tirar areia do Jacuí porque deve ser menos penosa ou custosa
essa operação no Jacuí, em vez do Guaíba.
Canalhas!
É contra isso, volto ao meu cismar, que se volta o quero-quero, que certamente
é agredido por essa criminosa e insistente destruição das margens do Jacuí. O
Jacuí é o maior rio gaúcho. Vai deixar de existir se continuarem depredando-o.
Alguém
precisa fazer algo. Bastava uma lancha, uma só lancha de patrulhamento
ambiental e policial para que esses sacripantas deixassem de devastar o Jacuí.
De
alguma forma, o quero-quero está clamando com seu brado para que, primeiro, nós
todos respeitemos a natureza e os animais e, segundo, que para de alguma forma
deixemos de assistir passivamente a esse roubo destruidor de areia no Jacuí.
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