sábado, 19 de janeiro de 2013



19 de janeiro de 2013 | N° 17317
ARTIGOS -Paulo Tergolina*

O apagão energético do desperdício

Voltou, infelizmente, à pauta do Brasil com força total algo que já sofremos, mas não aprendemos o suficiente para prevenir e sanar: o apagão. Entre julho de 2001 e setembro de 2002, a crise nacional afetou o fornecimento e distribuição de energia elétrica, gerando severas perdas econômicas e enormes prejuízos à sociedade. As causas são sempre as mesmas – falta de chuva e de planejamento e investimentos em geração de energia.

Na época, houve uma bem-sucedida campanha por racionamento “voluntário” de energia, que motivou e mobilizou o país inteiro, por meio de um movimento solidário em prol do bem coletivo pela racionalização do consumo; isso foi valorizado e gerou uma sinergia positiva, acabando por ofuscar a crise energética e seus cortes forçados.

Ainda assim, segundo os cálculos do ex-ministro Delfim Netto, cada brasileiro perdeu R$ 320 com o apagão ocorrido no final do governo FH, e, em auditoria, o TCU demonstrou uma perda ao Tesouro de R$ 45,2 bilhões.

Agora, com o aumento contínuo do consumo, a sociedade precisa voltar a pensar sobre o desperdício de energia a fim de contribuir para reduzir essa pesada conta. Para combatê-lo, são necessárias campanhas e políticas governamentais de esclarecimento à população, de financiamento dirigido ao incentivo à substituição de máquinas obsoletas de alto consumo, de chuveiros elétricos, de lâmpadas incandescentes, de otimização da iluminação pública etc.

A preocupação é ficarmos apenas com explicações defensivas das autoridades, com o objetivo de reduzir não o consumo de energia, mas o desgaste político dos efeitos do apagão. É decisivo novamente tocar e despertar o pensamento do bem coletivo, que já comprovamos ter capacidade de exercer em 2002, para racionalizar o uso desse bem extremamente valioso nas nossas casas e para a economia do Brasil.

Há que se valorizar as pessoas, instituições e empresas que, de forma sustentável, comprovarem através de indicadores mensuráveis, o uso racional da energia elétrica. A medida do governo federal no sentido da redução das tarifas é elogiá-vel, pois gera competitividade na economia e estende esse bem a um número maior de brasileiros, mas por que não criar ao mesmo tempo um programa beneficiando quem comprovadamente fizer bom uso desse insumo?

A educação é uma ferramenta importante para se evitar o desperdício. A consciência ambiental deve começar na infância, demonstrando às crianças o efeito prático do correto uso dos recursos energéticos e as consequências do seu consumo sem controle.

*ENGENHEIRO CIVIL

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