19
de janeiro de 2013 | N° 17317
ARTIGOS
-Paulo Tergolina*
O apagão energético do desperdício
Voltou,
infelizmente, à pauta do Brasil com força total algo que já sofremos, mas não
aprendemos o suficiente para prevenir e sanar: o apagão. Entre julho de 2001 e
setembro de 2002, a crise nacional afetou o fornecimento e distribuição de
energia elétrica, gerando severas perdas econômicas e enormes prejuízos à sociedade.
As causas são sempre as mesmas – falta de chuva e de planejamento e
investimentos em geração de energia.
Na época,
houve uma bem-sucedida campanha por racionamento “voluntário” de energia, que
motivou e mobilizou o país inteiro, por meio de um movimento solidário em prol
do bem coletivo pela racionalização do consumo; isso foi valorizado e gerou uma
sinergia positiva, acabando por ofuscar a crise energética e seus cortes forçados.
Ainda
assim, segundo os cálculos do ex-ministro Delfim Netto, cada brasileiro perdeu
R$ 320 com o apagão ocorrido no final do governo FH, e, em auditoria, o TCU
demonstrou uma perda ao Tesouro de R$ 45,2 bilhões.
Agora,
com o aumento contínuo do consumo, a sociedade precisa voltar a pensar sobre o
desperdício de energia a fim de contribuir para reduzir essa pesada conta. Para
combatê-lo, são necessárias campanhas e políticas governamentais de
esclarecimento à população, de financiamento dirigido ao incentivo à substituição
de máquinas obsoletas de alto consumo, de chuveiros elétricos, de lâmpadas
incandescentes, de otimização da iluminação pública etc.
A
preocupação é ficarmos apenas com explicações defensivas das autoridades, com o
objetivo de reduzir não o consumo de energia, mas o desgaste político dos
efeitos do apagão. É decisivo novamente tocar e despertar o pensamento do bem
coletivo, que já comprovamos ter capacidade de exercer em 2002, para
racionalizar o uso desse bem extremamente valioso nas nossas casas e para a
economia do Brasil.
Há que
se valorizar as pessoas, instituições e empresas que, de forma sustentável,
comprovarem através de indicadores mensuráveis, o uso racional da energia elétrica.
A medida do governo federal no sentido da redução das tarifas é elogiá-vel,
pois gera competitividade na economia e estende esse bem a um número maior de
brasileiros, mas por que não criar ao mesmo tempo um programa beneficiando quem
comprovadamente fizer bom uso desse insumo?
A
educação é uma ferramenta importante para se evitar o desperdício. A consciência
ambiental deve começar na infância, demonstrando às crianças o efeito prático
do correto uso dos recursos energéticos e as consequências do seu consumo sem
controle.
*ENGENHEIRO
CIVIL
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