quarta-feira, 16 de janeiro de 2013



16 de janeiro de 2013 | N° 17314
PAULO SANT’ANA

Os pés razoáveis

Convivo há oito anos com a mulher que amo e, acreditem leitores, palavra de honra, não sei o nome dela.

Com a minha tontura, ou nunca soube o nome dela, ou o esqueci. Mas, também, para que me serviria o nome dela? Para nada, absolutamente nada. O que eu quereria não é o nome dela, é o coração dela.

Mariana Kalil me disse que certa vez mandou fotografar as mãos dessa mulher que amo. Para ilustrar uma matéria no caderno Donna sobre mãos belas. E a Kalil me assegura que não existe em Porto Alegre mãos tão bonitas quanto as dessa mulher fatídica.

Já os pés dela não são tão bonitos quanto as mãos. Nem feios. São pés razoáveis. Sempre adornados por sandálias de sua competente escolha.

Aliás, essa mulher é como muitas mulheres que conheço: ela trabalha só para poder comprar as roupas e sandálias que veste e calça. Há muita mulher por aí que faz o mesmo.

Essas mulheres que vivem só para se vestir quase sempre são muito belas e sabem disso, embora muitas, como a personagem desta coluna, não tenham muita certeza de que são belas. Precisam, necessitam que os outros declarem repetidamente isso.

As belas ricas compram à vista toneladas de roupas e calçados. As trabalhadoras belas que só trabalham para se vestir e calçar, essas devem usar do estratagema do crediário. Imagino que seja assim com essa mulher dos meus sonhos.

Porque a variedade de artigos de vestuário e sapataria com que se apresenta todos os dias é estonteante.

Sobre os pés, centro dos meus fetiches, quero declarar que pé bonito com sandália bonita é o ideal. Mas há pés que não são bonitos e que com sandálias bem escolhidas deixam passar à imaginação dos outros que são bonitos.

Mas o grande desperdício de toda a história da moda é quando a mulher tem os pés bonitos e escolhe sandálias feias para usar. Desastre irrecuperável. Por sinal, me ocorre agora que não sei bem se meu fetiche são os pés ou se são as sandálias.

Porque uma vez eu vi umas sandálias tão bonitas, que senti vontade de beijá-las, só a elas, sem os pés. E dezenas de vezes na vida já beijei concretamente pés femininos. Por sinal, entre todos os brasileiros, sou o maior entendido em pés femininos.

São fundamentais para a estética pedal feminina as unhas e as falanges proximais, isto é, aquelas que sustentam as unhas.

As falanges mediais, logicamente as do meio dos dedos, e as falanges distais, logicamente as mais distantes das unhas, não são tão importantes para a estética dos pés, mas têm certa relevância nela.

Os pés são essenciais não só para a mobilidade e motricidade do corpo humano, mas também para a estética visual apanhada pelos observadores, entre os quais eu sou indubitavelmente o mais atento.

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