21
de janeiro de 2013 | N° 17319
PAULO
SANT’ANA
Apelo ao governador
Não
sei mais o que vou fazer para guardar esta montanha de e-mails de leitores que
me mandam dizer que foram barrados nas emergências de grandes hospitais de
Porto Alegre.
E
outra montanha de e-mails de leitores que se dizem desesperados à espera de que
vague algum leito em hospitais de Porto Alegre.
É um
atentado de desumanidade contra o nosso povo.
Enquanto
isso, calculo assim por cima, os governos vão gastar uns R$ 300 bilhões para
que o Brasil realize aqui a Olimpíada, a Copa do Mundo e a Copa das Confederações.
Não é
possível compreender isso. Aliás, eu não compreendo duas coisas: 1) como se vai
gastar assim uma fortuna colossal, saída dos cofres públicos; 2) como é que o
povo brasileiro permite uma coisa dessas e grande parte desse povo concorda miseravelmente
com essa insânia.
A
imprensa brasileira, em sua totalidade, concorda com essa loucura. Não há em
nenhum jornal, rádio ou televisão do Brasil qualquer espaço em que se condene
essa gastança fenomenal do dinheiro do povo, enquanto esse mesmo povo definha
nas emergências dos hospitais e os presos do Presídio Central dormem cobertos
de ratos, percevejos e baratas.
Eu não
me conformo que isso aconteça em meu país, em meu Estado e em minha cidade. Eu
não me conformo.
E,
enquanto me restarem forças, eu denunciarei esse absurdo gigantesco, embora eu
sinta que estou pregando no deserto.
Eu
tenho uma palavra, mudando de assunto, para o governador Tarso Genro.
O
governador deve ter visto que se inaugurou em Minas Gerais o primeiro presídio
totalmente privado.
E
que nesse presídio a hospedagem dos presos será decente, limpa e honesta.
E
deve ter lido o governador que outros presídios privados e iguais estão para
ser inaugurados em outros Estados.
Aqui
no RS, o governador Genro se recusou a sequer discutir a possibilidade de
autorizar a construção de presídios privados, apesar de seu companheiro de PT,
o prefeito de Canoas, Jairo Jorge, dizer que se interessa com urgência por um
presídio privado em sua cidade.
Como
é que ficamos, então? Ficamos assim, por culpa e responsabilidade exclusiva do
governador Tarso Genro não teremos no RS presídios privados, onde cada preso
custará R$ 2,1 mil, com direito a trabalhar no presídio, a estudar no presídio.
E cada preso gaúcho custa hoje ao governo estadual R$ 2 mil. Essa comparação é estrondosa.
E escandalosa.
Mais:
nos presídios privados, os presos não terão o direito de trabalhar e estudar,
terão o dever de fazê-lo. E não haverá qualquer fuga nos presídios privados.
Ora,
meses atrás, conhecendo que sou a favor de presídios privados, o governador
Genro me mandou um dossiê contra os presídios privados. Dossiê absolutamente
contrário à realidade prisional emergente no mundo com essa esplêndida ideia da
privatização dos presídios.
Quero
dizer ao governador que ele está errado, profundamente equivocado.
E
que, enquanto isso, olhem para os presídios gaúchos, que são públicos: é de
sentir vergonha e asco o que acontece dentro desses infernos.
Recue
depressa, senhor governador!
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