segunda-feira, 21 de janeiro de 2013



21 de janeiro de 2013 | N° 17319
ARTIGOS - Cláudio Brito*

Vida Bandida

Cheguei bem cedo ao trabalho na sexta-feira. Era dia de comentário no Bom Dia Rio Grande. Eu e a Cristiane Silva repercutimos o roubo de joias da véspera. Melhor dizendo, da antevéspera. Chamava nossa atenção o inusitado da ação dos bandidos.

Sem alarde, durante a noite anterior, contando mais com a surpresa do que com armas, invadiram a casa da subgerente da joalheria visada, fizeram-na refém. Restringiram ainda a liberdade do noivo da moça. Antes de separar o casal para levar a dupla a cativeiros diferentes, lambuzaram-se na gordura de um bom churrasco e chocolate na sobremesa. Quebraram um cofrinho de moedas e divertiram-se vestindo roupas dos donos da casa.

Assumiram o comando definitivo de tudo o que alguém pretendesse fazer naquele lugar. Constrangimento pela via psicológica, com simulações de equipamentos e aparatos explosivos. Terror. Aí, “quebraram a pedra” e completaram a operação na manhã quase vazia do shopping.

Sumiram com um tesouro, cujo tamanho desconheço, mas que, certamente, será significativo, correspondendo às encomendas dos receptadores, indispensáveis para que esse tipo de crime aconteça. Disse-o bem o Humberto Trezzi: “Os policiais até que têm prendido ladrões. Falta chegar aos grandes receptadores”.

A inspiração dos gatunos não é nova. Advertiu-me o Anselmo Silva, supervisor de operações da RBS TV. Lembrou-me do filme de 2001, Vida Bandida, com Bruce Willis e outros menos expostos. Você pode preferir “modus operandi” ou “modus faciendi”, seja lá como pretenda referir o jeito de fazer ou operar.

Os ladrões de joias da quinta-feira, em Porto Alegre, viram o filme ou leram muito sobre ele. Os larápios daqui incorporaram os personagens de Bruce, Billy Thornton e Cate Blanchett, tenha qualidade ou não a obra cinematográfica. A mulher, que acompanhou a refém ao local onde se consumou o que nem consigo chamar de assalto, imitou a principal figura feminina daquela quase comédia. Ou já confundo ficção e realidade?

No filme, agem de forma inusitada: vão até a casa do gerente de um banco no dia anterior ao assalto e lá passam a noite, para depois poderem realizar o roubo. Tornam-se os assaltantes de maior sucesso na história dos Estados Unidos, sendo perseguidos pela mídia e pela polícia e adorados pelo grande público. Aí, tudo muda de figura.

Não haverá quem se arvore, entre nós e na vida verdadeira, a torcer pelos bandidos. Estamos cansados da ousadia e do deboche dessa gente, que ainda curte brincar de cinema com as vidas das pessoas honestas. Logo esses caras, que se divertem experimentando uma vida bandida.

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