Questão de
gênero
BRASÍLIA
- Se havia dúvida sobre a ministra Rosa Weber no Supremo, não há mais. Aliás,
as mulheres foram o destaque da semana passada: Rosa, Cármen Lúcia, Eliana
Calmon, que se despediu da Corregedoria do CNJ, e Ayanna Tenório, a única ré a
salvar a pele até agora.
Rosa,
que vem da Justiça trabalhista -considerada, digamos, "menos nobre"-,
era observada com rabo de olho pelos colegas, sobretudo pelos papas do STF.
Bastaram seus votos no capítulo Câmara/BB (João Paulo/Henrique Pizzolato) e
sobre o núcleo financeiro (Banco Rural) para ela ser admitida como "um
deles".
Seus
votos são implacáveis, como costumam ser as mulheres (não é Eliana Calmon?). E
mais: Rosa deixa evidente que conhece em detalhes os termos da denúncia e das
defesas e que sabe exatamente aonde quer chegar. Ou aonde tudo isso vai levar.
Ela
questionou o que tanto fazia Marcos Valério -um publicitário- no Banco Central.
A resposta é clara, já que o Rural fez os "empréstimos fictícios" de
R$ 3 milhões para o PT e de R$ 29 milhões para as empresas do próprio Valério
e, ora, ora, levou a melhor quando o BC (que deve explicações) determinou a
liquidação do Banco Mercantil de PE.
Como
novata, a ministra é a primeira a votar e abre caminho para os demais,
inclusive para Cármen Lúcia, que prepara textos esmiuçados, mas poupa os
colegas, os presentes e os telespectadores de demonstrações de erudição para apresentar,
sem ler, votos claros e precisos. E começa pelo fim: já diz, de cara, quem vai
e quem não vai condenar.
Só a
ex-diretora do Rural Ayanna Tenório escapou entre os 36 réus para quem o
procurador Roberto Gurgel pediu condenação. Marco Aurélio foi infeliz ao
insinuar favorecimento de gênero. A dona do banco, Kátia Rabello, foi condenada
por unanimidade e, dos dez ministros, só o relator Joaquim Barbosa condenou
Ayanna, todos os outros absolveram. Por ser mulher?!
elianec@uol.com.br
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