08
de setembro de 2012 | N° 17186
40
ANOS DEPOIS
O homem que iniciou
tudo
Ao
comemorar as quatro décadas do primeiro título brasileiro na Fórmula-1, na
próxima segunda-feira, Emerson Fittipaldi dá um relato de otimismo sobre o
futuro do Brasil na categoria e anuncia a chegada de uma nova prova
internacional em Interlagos
–
Boa tarde, campeão. Você então está abrindo mais uma porta para o automobilismo
brasileiro?
A
pergunta na conversa por telefone com Emerson Fittipaldi, 65 anos, remete a
duas coisas. O “campeão” remonta a uma queixa dele em relação à falta de
preservação dos ídolos e de suas conquistas no nosso país.
– Só
no Brasil o cara é chamado de “ex-campeão”. Um título, o piloto nunca perde –
lamenta Emerson. – O cara pode ser um ex-piloto, mas sempre será campeão.
Quanto
à porta aberta, tem a ver com a descoberta do caminho das pedras para os nossos
pilotos na F-1, desbravado pelo Rato em sua ida pioneira para a Europa no final
dos anos 1960. Fora da principal categoria do automobilismo até 1970, o Brasil
conquistou oito títulos nos 21 anos seguintes, dois com Fittipaldi, três com
Nelson Piquet (1981, 1983 e 1987) e mais três com Ayrton Senna (1988, 1990 e
1991). O nosso GP entraria no calendário em 1973 e jamais sairia.
Tão
logo assumiu a liderança do campeonato de 1972, depois do GP da Espanha,
Emerson abriu outras portas, com a Rede Globo passando a transmitir as corridas
ao vivo, apresentando, assim, a F-1 para os brasileiros, além de promover uma
corrida amistosa em Interlagos para homologação do GP do Brasil.
Emerson
não perdeu mais a ponta da tabela de pontuação em 1972, deixando para trás o
escocês Jackie Stewart e o neozelandês Denny Hulme. Chegou à consagração no dia
10 de setembro, em Monza, o mesmo palco da 13ª etapa do Mundial deste ano,
prevista para as 9h de amanhã, 40 anos depois. O bicampeão lembra de uma época
da F-1 ainda romântica, improvisada e perigosa:
–
Existia amizade entre os pilotos. Mas tínhamos uma sensação amarga, a gente
olhava para os lados e não sabia se iria ver um amigo novamente depois da
corrida. O perigo era permanente.
Carro
destruído na semana decisiva
A
poucos dias dos primeiros treinos livres para o GP da Itália de 1972, o
caminhão da equipe Lotus sofreu um acidente na estrada, destruindo o principal
carro de Emerson. A solução foi buscar na fábrica, na Inglaterra, o modelo
utilizado pelo brasileiro na sua primeira vitória, dois anos antes. A 15
minutos da largada, outro susto, com o tanque vazando combustível quando estava
alinhando no grid. Sanados os problemas, Emerson veria a bandeira quadriculada
na frente de todos, colocando o Brasil no mapa da F-1.
Consagrado
na Europa, Emerson abriria depois as portas da Indy e das 500 Milhas de
Indianapolis. Ganhou outro título e venceu duas vezes a corrida mais milionária
do planeta, além de recuperar sua fortuna – perdida na aventura com a
Copersucar, a equipe brasileira de F-1 que Rato e o mano Wilsinho fundaram em
1975 e fecharam em 1982.
Agora,
em referência à pergunta inicial, o eterno bicampeão leva a Interlagos os
carros das 24 Horas de Le Mans para a quinta etapa do FIA World Endurance
Championship, mundial de marcas recriado pela Federação Internacional de
Automobilismo neste ano.
–
Estarão aqui (no dia 15) inclusive os híbridos da Audi e da Toyota que correram
em Le Mans neste ano. Em reta, são até mais rápidos que os F-1 – diz Emerson,
sem esconder a satisfação por estar abrindo mais uma porta.
daniel.dias@zerohora.com.br
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