04 de setembro de 2012 |
N° 17182
LIVROS
O homem das leituras
Sergius Gonzaga, professor de
literatura e escritor, estreia hoje série de comentários sobre as leituras
obrigatórias da UFRGS
A estante na sala da casa de
Sergius Gonzaga e as pilhas de livros no chão diante dela não representam nem a
metade dos volumes que ele tanto aprecia. No escritório, as quatro paredes
acomodam livros de cima abaixo, com espaços vazios apenas onde ficam as duas
janelas do cômodo.
Professor de literatura da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), escritor e atual secretário
municipal de Cultura de Porto Alegre, ele não contabiliza seu acervo.
– Tem mais (livros) espalhados
pela casa, não faço ideia de quantos são. Sigo emprestando, mesmo sabendo que a
maioria das pessoas nunca devolve – comenta.
Talvez os empréstimos estejam
relacionados com a vontade de cativar novos leitores. Entre eles, estão os
vestibulandos. Por cerca de 30 anos, os cursinhos pré-vestibulares foram parte
do dia a dia de Sergius. Ao comentar o período dedicado a preparar os futuros
universitários, ele não cansa.
Conta detalhes, lembra de alunos
pelo nome e recorda palestras com artistas e escritores que movimentaram os
estudantes entre os anos 70 e 80. Sobre o que é necessário para ensinar, o
autor do Curso de Literatura Brasileira (Editora Leitura XXI), livro que já
acompanhou dezenas de estudantes, não hesita: os professores têm de continuar
lendo para dar uma aula interessante.
Seu gosto pelas letras fica mais
evidente quando puxa uma obra qualquer da estante para posar para a foto desta
página. Ao folhear, encontra anotações e exclama:
– Achei um livro ótimo que nem
lembrava da existência, devo estar começando a esquecer. Será que já esqueci
tudo que li?
O decorrer do tempo e as
atividades profissionais reduziram um pouco o ritmo de leitura do professor. Às
vezes, ele confessa, sucumbe ao Facebook. Mesmo assim, no topo da sua lista
particular, hoje estão obras do mexicano Carlos Fuentes, do argentino Cortázar
e do colombiano Gabriel García Márquez.
A lista da UFRGS
Para Sergius, a lista de obras
indicadas para os vestibulares tem potencial de cativar os vestibulandos para a
leitura:
– Na minha opinião, o principal
alvo das leituras deveria ser despertar interesse em quem não é um leitor
usual. Isso deveria nortear a escolha das obras.
Assim, o grande número de livros
considerados complexos na lista da UFRGS o incomoda. A maioria dos títulos
deveria ser, segundo ele, acessível também para quem não lê. Uma seleção de
crônicas entre as obrigatórias o agradaria.
Independentemente dos títulos
escolhidos, a partir de hoje, o professor escreve sobre as obras que cairão na
prova de Literatura do próximo vestibular da UFRGS.
mariana.muller@zerohora.com.br
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