segunda-feira, 3 de setembro de 2012



03 de setembro de 2012 | N° 17181
PAULO SANT’ANA

As contradições

Tenho observado durante todo esse tempo muitas pessoas que se mostram radicalmente contraditórias em suas atitudes.

Até eu me enquadro nessa mercurialidade.

Notei, por exemplo, que há pessoas que não arredam de serem vingativas, no entanto se mostram comoventemente amorosas no fulcro de sua emotividade.

São capazes de ódios repentinos e passageiros, mas no cerne de sua personalidade revelam-se generosas, dadivosas, românticas e se entregam em atitudes de amor e paixão de modo devotado.

Já, não por outra razão, o estudo psiquiátrico colheu nesse campo da inclinação humana o fenômeno que denominou de bipolaridade.

O bipolar, muito frequente nas relações humanas, se caracteriza por uma variação permanente: ora está deprimido, arrasado, no mais completo baixo-astral, ora está em euforia, num êxtase mental que beira o delírio deleitoso.

A euforia é muito rica – e pobre – em suas reações.

A pior reação da euforia é a irritabilidade. Por ela, uma pessoa tanto pode indignar-se com raiva de outra como até se atirar à destruição de seu semelhante.

Não queira ser alvo da irritação de quem está em euforia.

No entanto, a euforia se alterna periodicamente com a depressão, esta um estado mórbido de prostração que derruba o indivíduo a ponto de, na maioria das vezes, querer encerrar-se em seu quarto e não encontrar-se com ninguém, nem com seus próprios familiares, dentro de sua casa.

O deprimido estende os limites de sua solidão e se priva de todas as relações humanas que não forem essenciais, eliminando as triviais.

Chega a ser fenomenal que uma mesma pessoa pareça ser duas, uma aberta e estuante para a relação com os outros, a outra taciturna e avessa aos contatos humanos, embora o primeiro tipo se muna por vezes de agressividade.

A psiquiatria tem atacado com relativo sucesso a bipolaridade, através de medicamentos químicos.

O estado normal e saudável da pessoa humana é um ponto equilibrado, distante claramente da euforia e da depressão.

Este ponto é mais suscetível de felicidade.

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