ELIANE
CANTANHÊDE
Chama o Exército!
BRASÍLIA
- Dilma não só mandou cortar o ponto dos grevistas como aprovou um projeto do
Exército para garantir a integridade dos prédios públicos e a oferta de serviços
essenciais em caso de ameaça externa (improvável) e principalmente de greves (que
se multiplicam).
O
sistema "Proteger" está orçado em R$ 9,6 bilhões e, com o Sisfron, de
monitoramento de fronteiras, vai custar R$ 21 bilhões em 12 anos, apesar de
Dilma argumentar com a crise internacional e com a falta de recursos para não
dar aumentos no setor público. O único acordo foi com professores de
universidades federais e, mesmo assim, polêmico.
São 13.300
alvos estratégicos do "Proteger", 371 prioritários, como refinarias,
hidrelétricas, centrais de telecomunicações e as principais estradas. Brasília,
que abriga os três Poderes e as embaixadas, é listada como o alvo número um.
Para
definir o sistema, o Exército estudou casos exemplares, como a invasão da CSN,
a greve da refinaria de Paulínea e um curto na rede de Tucuruí, que não teve
influência de grevistas, mas afetou boa parte do país.
Isso
mostra que Dilma não brinca em serviço. Se a democracia prevê o direito de
greve, prevê também a garantia dos prédios públicos e dos serviços essenciais à
população. Em caso de risco, os militares entram.
É uma
boa lembrança quando a elite do funcionalismo testa forças com a presidente: Polícia
Federal, Banco Central, Itamaraty, oficiais de inteligência, defensores públicos,
auditores da Receita, agências reguladoras (Anatel, Aneel...). Nem todos estão
de greve, mas se uniram num movimento único de reivindicação.
O
governo avalia que a pressão acaba no dia 31, com a entrega do Orçamento de 2013.
É uma visão muito otimista. Os servidores engoliram sapos e ficaram quietos na
era Lula (como CUT, UNE, MST) e resolveram devolver agora com Dilma. Não vão
recuar tão cedo. O governo do PT revida botando o Exército na parada.
elianec@uol.com.br
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