segunda-feira, 8 de julho de 2013


08 de julho de 2013 | N° 17485
PAULO SANT’ANA

No parking, no business

Penso que pode ser a hora propícia para a implosão do Mercado Público semidestruído anteontem e a construção de um novo prédio, um novo Mercado Público. Porque tanto a centena de proprietários de bancas no Mercado quanto o público reclamam com insistência que o atual Mercado Público não tem estacionamento.

Na verdade, o Mercado Público anteontem incendiado é um shopping, onde se vende muita coisa variada. Então este Mercado incendiado é o único shopping do mundo que não tem estacionamento. Isso é inaceitável.

Por isso a minha ideia ou sugestão é que se imploda este Mercado e se construa no local outro, com vários andares destinados ao estacionamento e outros para as bancas propriamente ditas.

Porque é célebre o ditado norte-americano de que “no parking, no business”, traduzindo, sem estacionamento não há negócios. E nosso mercado tão querido não pode continuar sem estacionamento.

Sou completamente insuspeito para propor isso: acreditem, como vereador nos anos 80 fui o autor da emenda que tombou este atual Mercado Público para o Patrimônio Histórico. Por minha iniciativa, o Mercado Público se tornou patrimônio histórico.

Então, como tive essa honra, atrevo-me a propor a construção de um novo Mercado, funcional, moderno, maior, estuante em pleno centro da cidade. Na transmissão radiofônica e televisiva durante o incêndio, ouvi em várias emissoras algumas preciosidades.

Uma repórter disse e repetiu quatro vezes o seguinte: “Agora as chamas mais intensas estão se verificando na parte esquerda do Mercado”. Ela não disse onde se encontrava e como ouvinte fiquei perplexo: como parte esquerda, se o Mercado é um quadrilátero?

É demais. Outro repórter afirmou: “O incêndio só se alastrou porque as chamas se propagaram”. Ora bolas, se as chamas não tivessem se propagado, não haveria incêndio.

Um outro repórter perguntou no microfone a uma autoridade, ainda durante o incêndio: “O senhor pode me informar se há animais dentro do Mercado?”, referindo-se certamente a uma banca que vende pássaros e outras aves vivas. A autoridade respondeu: “Se havia aves, certamente a esta altura, pela intensidade das chamas, não há mais”.

E finalmente um comentarista que saiu às pressas de casa e foi ser repórter durante o incêndio manifestou-se taxativo: “Não sei o que é mais grave neste incêndio, se as chamas ou a fumaça”.

É mesmo, se não tivesse havido as chamas, não teria havido a fumaça. E é conhecidíssimo o ditado: “Onde há fumaça, há fogo”. Como ouvinte, declaro: estava deliciosíssima a transmissão, deu um toque de diversão à catástrofe.


Não será novidade se se implodir este Mercado. Houve já vários prédios de patrimônios históricos em POA que foram implodidos, entre eles o da Usina do Gasômetro e o da Casa de Correção. E o Olímpico será implodido daqui a pouco.

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