segunda-feira, 8 de julho de 2013


08 de julho de 2013 | N° 17485
KLEDIR RAMIL

Festas de aniversário

1 ano de idade. Tema tradicional: “palhacinho”. Gasta-se uma grana e quem menos aproveita é o aniversariante, que não tem a menor ideia do que está acontecendo. Depois de duas horas de burburinho, a criança não aguenta mais, principalmente porque, a essa altura dos acontecimentos, os pais já tomaram umas cervejas e estão achando tudo bacana.

2 ou 3 anos. O costume é contratar animadores, mágicos, contadores de histórias. Se você mora em prédio que tenha play, minha sugestão é que use o espaço, senão seu apartamento vai ficar imprestável.

A partir dos 4 anos, inevitavelmente, é preciso começar a alugar casas de festas. Você gasta uma fortuna, mas sua casa fica preservada. O pessoal cuida de tudo: animação, mágicas, futebol, pique esconde, piscina de bolas, escorrega, karaokê, comidinhas, bebidinhas, brindes... Você pode ficar tomando sua cerveja tranquilo. Só vai esquentar a cabeça no dia seguinte, na hora que o cheque bater na conta.

A partir dos 10 anos, festa tem que ter dança. Aí você vai ter que contratar um DJ. Essa fase é complicada porque eles não querem mais casa de festa, que é “coisa de criança”. Volta o movimento para aquele lugar que você chamava de lar doce lar.

Quando meu filho completou 11 anos, descobri que ele fazia parte de um grupo de vândalos. Corredor polonês, futebol no meio da sala, ovos com farinha nos cabelos do aniversariante. Uma melequeira. Um garoto mais descontrolado trancou várias meninas no banheiro, jogou a chave no jardim e saiu correndo porta afora, com mais dois delinquentes. Peguei o carro e, com ajuda de alguns amigos, encontramos os desaparecidos no meio da noite, atiçando com pedras os cachorros dos vizinhos. Liguei para os pais e pedi que viessem buscar. Tudo tem limite.

Quando chega a adolescência, se prepare, a situação foge do controle. Só aceitam festa se tiver bebida. E eles não sabem beber. Fazem um monte de besteira, vomitam pelos cantos. Sugiro uma força-tarefa com quatro ou cinco faxineiras e uma ambulância na porta, por via das dúvidas.

O resultado de anos de festas aqui em casa é que o piso de sinteco não existe mais. As paredes estão descascadas, a casa está quase em ruínas, mas só vou fazer uma reforma quando os dois casarem e forem morar em outro lugar, senão não adianta.

Quer dizer, ainda há o risco de casarem e ficarem morando por aqui. Aí vêm os netos e começa tudo de novo.


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