01
de julho de 2013 | N° 17478
PAULO
SANT’ANA
Tudo sobre a
demissão
Vamos
direto aos fatos, de vez que nunca me senti tão senhor de todas as informações
como no caso das circunstâncias em que Luxemburgo foi demitido. Sei de tudo nos
mínimos detalhes.
Como
esta coluna já afirmou algumas vezes e insinuou outras tantas, tudo se centrou
no fato de que o Grêmio tinha e tem de pagar uma fortuna entre R$ 6 milhões e
R$ 8 milhões a Luxemburgo como multa por tê-lo demitido. Com o pensamento só
nessa multa, o embuste de Luxemburgo consistiu no seguinte: ele provocaria o
choque com a direção para receber a indenização.
E
foi assim que, desde sexta-feira à tarde, Luxemburgo levou à frente o seu
astucioso plano.
O
presidente Fábio Koff determinou que um assessor graduado seu fosse transmitir
a Luxemburgo a seguinte ordem: não poderia escalar o jogador Welliton porque o
Grêmio está para cedê-lo a seu clube russo de origem, que vai recambiá-lo para
um clube do Catar.
O
assessor de Koff foi desfeiteado por Luxemburgo, que disse que não era homem de
receber recados, interpretando a ordem de Koff como se fosse um mero recado. O
assessor levou a mensagem de Luxemburgo para Koff, que escreveu um torpedo ao
treinador: “Faz-se urgente que tu venhas falar comigo”.
Luxemburgo
nem ligou para a recomendação de Koff, acintosamente comportou-se como sempre
se comportou, na atitude de “dono do clube”.
Koff
somou a esse desacato de Luxemburgo o fato de que a direção vinha observando o
treinador, que, desde a volta dos jogadores da folga, “jamais realizou sequer
um treino de conjunto, jamais intentou qualquer treino de fundamentos, jamais
treinou cobranças de faltas” em jogadas ensaiadas, como esta coluna já tinha
noticiado há meses. Aqui foi afirmado que Luxemburgo era ocioso e não treinava
coisa alguma.
Então,
sob exame do ócio do treinador e o acinte em não querer comparecer ao chamado
do presidente, Koff decidiu demiti-lo.
No
final das contas, Luxemburgo atingiu bem na mosca o que somente queria: ele só
pensa em dinheiro e tinha conseguido irritar Koff a ponto de demiti-lo, com o
que receberá uma fortuna de multa.
Koff
não tinha outra saída, em face do desaforo que sofreu. Dias atrás, escrevi
nesta coluna que o Grêmio tinha de pôr Luxemburgo “no olho da rua”. Cheguei a
esse ponto diante da gravidade nas relações entre ele, a direção e os
jogadores.
Bem,
agora ele foi para o olho da rua. O estratagema de Luxemburgo é simples, não é
a primeira vez que ele o usa: exige uma multa contratual elevadíssima e passa a
desobedecer ordens, a fugir dos compromissos éticos e profissionais, com isso
só resta à direção do clube demiti-lo e assumir o encargo de indenizá-lo
largamente.
Aconteceu
também no Grêmio, e os fatos todos narrados aqui terminaram por culminar na
ruptura.
Quando
Fábio Koff reuniu os jogadores no Olímpico e comunicou a eles que tinha
demitido o treinador, o jogador Barcos deixou escapar uma risada, como se
tivesse pensado o seguinte, é conclusão só minha: “Já não era sem tempo. Como
eu pensava, isso tinha mesmo de acontecer”.
De um
tempo para cá, Luxemburgo deu-se mais à arte de administrar seu contrato
visando a receber a multa contratual do que a treinar o time mais propriamente.
Trata-se,
assim, de um profissional astuto, argentário, meticuloso para atingir fins
salariais e indenizatórios. É deprimente que o futebol sirva para adubar
propósitos tão desviados do profissionalismo genuíno.
Quando
Luxemburgo renovou seu contrato com o Grêmio – e esta coluna foi um dos espaços
que pressionaram Koff a assinar a renovação, sou obrigado a confessar, dado que
toda a torcida queria que ele continuasse a treinar o Grêmio –, Koff mordeu no
queijo que acionou a ratoeira.
Isso
é lamentável, mas é da vida. Bem, agora vamos ao que mais interessa no momento:
quem será o novo treinador? Não tenho informação, mas tenho controle sensorial
sobre essa perspectiva.
Parto
de uma frase de Koff ao comunicar aos jogadores que o treinador tinha sido
afastado: Koff disse que com isso a direção pretendia “devolver a alegria ao
vestiário, ao clube”.
E
penso, embora permita provável erro meu de interpretação, que Koff escolherá
Renato Portaluppi como o sucessor.
E
penso baseado em premissas psicológicas: Renato poderá ser, com sua experiência
gregária de companheirismo de vestiário, o “animador” de que esse plantel
necessita.
Ou
seja, mais que a tecnicidade de um treinador, Renato ofereceria ao Grêmio atual
a virtude de um incentivador, um burilador de espíritos no vestiário e na beira
do campo, conduzindo os jogadores à épica busca de resultados epopeicos. Se
Koff acha que essa virtude é talhada para metamorfosear a índole do plantel,
escolherá Renato.
Até
mesmo porque, se for escolher um treinador cientificista, como Muricy Ramalho,
esbarrará no obstáculo do salário milionário.
Deus
queira que Koff faça a escolha certa e o Grêmio se torne um time quase
imbatível, que há muito tempo nós, gremistas, sonhamos com um arrebatador
título nacional.
Nenhum comentário:
Postar um comentário