quarta-feira, 5 de setembro de 2012


RUY CASTRO

"Lulas" e "Dilmas"

RIO DE JANEIRO - Levantamento da Folha revelou que, dos 455.796 candidatos a prefeito ou a vereador no próximo dia 7 de outubro, 117 apresentam-se aos eleitores como "Lula" e 148 como "Dilma". Nada demais nisso se a maioria desses "Lulas" for de Luízes na carteira de identidade. Lula é uma corruptela frequente para Luiz, principalmente no Nordeste, e Dilma, percebe-se agora, é um nome mais comum do que se pensava -muito mais comum.

O problema é se o "Lula" acoplado ao nome do candidato tiver sido um acréscimo recente, e nem sua família souber que ele é chamado assim nas rodas de cerveja ou de sinuca. Nesse caso, a marca Lula junto ao nome verdadeiro do candidato será de um sórdido oportunismo por parte deste, assim como uma prova de sua confiança na ignorância do eleitor. O que se pode esperar de um candidato, mesmo a vereador, que manifesta tal desprezo pela inteligência de quem vota nele?

Quanto à súbita multidão de Dilmas, não deve ser só coincidência. É possível que muitas tenham sido estimuladas a se candidatar apenas pelo fato de se chamar Dilma -como se isto pudesse induzir o eleitorado de Cafundó do Mato Dentro a acreditar que a mulher que eles veem diariamente na televisão, esbravejando com os ministros em Brasília, seja a mesma que promete resolver os seus problemas de esgoto ou do buraco na rua.

A Folha contabilizou os "Lulas" por partido, e não é surpresa constatar que a maioria é do PT -embora o partido que tem o Lula original, primeiro e único, devesse ser o maior interessado em impedir que cabeças de bagre usassem "Seu" santo nome em vão. Mas, enfim, ninguém pode ser proibido de se chamar Lula. Interessante é constatar que, no Brasil atual, há mais mulheres querendo ser Dilma -148- do que homens tentando se passar por Lula -117.

E essa diferença tende a aumentar. 

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