ELIANE CANTANHÊDE
A
comandante em chefe
BRASÍLIA - Com a comandante em chefe cercada de fardas e
quepes verdes, azuis e brancos, diante de acrobacias de caças da FAB, este Sete
de Setembro é uma boa oportunidade para destacar o que poucos percebem: as
relações entre a ex-torturada Dilma e as Forças Armadas vão muitíssimo bem,
obrigada.
Conforme a repórter Natuza Nery e eu apuramos, as
manifestações de apreço de Dilma pelas três Forças revelam-se subjetivamente,
nas declarações em reuniões, e objetivamente, na aprovação de planos e
programas.
Pode parecer estranho, mas Dilma tem pontos em comum com os
militares: o nacionalismo e a disciplina. Militar não faz greve (como os
policiais têm feito) e cumpre metas -de prazos e de preços. Coisas raras.
Dilma vive chorando as pitangas por causa da crise mundial,
mas garantiu financiamentos do BNDES para a indústria bélica e recursos para
projetos em andamento, como o de submarinos da Marinha, e novos, como o
Proteger, do Exército, para a segurança de prédios estratégicos.
Na negociação de salários com o serviço público, em agosto,
só duas categorias tiveram aumentos diferenciados: professores universitários e
militares. Para uns, o anúncio foi com estardalhaço. Para outros (30% em três
anos), quase escondido.
Motivo: o tratamento de Dilma aos militares causa ciúmes,
especialmente na Polícia Federal, que disputa com o Exército a coordenação da
segurança na Copa e na Olimpíada.
Em recente reunião com ministros civis, a presidente elogiou
o Exército e chamou o general Enzo Peri ao Planalto para expor a operação
militar que, segundo ele, impediu ao menos 40 ataques cibernéticos graves
durante a Rio+20. Os presentes captaram o recado.
Hoje, Dilma fará um discurso ufanista que tanto agrada os
militares. Mas o que eles mais gostaram foi do que ela disse na instalação da
Comissão da Verdade: "Não nos move o revanchismo". Eles esperam que
não.
elianec@uol.com.br
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