sexta-feira, 7 de setembro de 2012


ELIANE CANTANHÊDE

A comandante em chefe

BRASÍLIA - Com a comandante em chefe cercada de fardas e quepes verdes, azuis e brancos, diante de acrobacias de caças da FAB, este Sete de Setembro é uma boa oportunidade para destacar o que poucos percebem: as relações entre a ex-torturada Dilma e as Forças Armadas vão muitíssimo bem, obrigada.

Conforme a repórter Natuza Nery e eu apuramos, as manifestações de apreço de Dilma pelas três Forças revelam-se subjetivamente, nas declarações em reuniões, e objetivamente, na aprovação de planos e programas.

Pode parecer estranho, mas Dilma tem pontos em comum com os militares: o nacionalismo e a disciplina. Militar não faz greve (como os policiais têm feito) e cumpre metas -de prazos e de preços. Coisas raras.

Dilma vive chorando as pitangas por causa da crise mundial, mas garantiu financiamentos do BNDES para a indústria bélica e recursos para projetos em andamento, como o de submarinos da Marinha, e novos, como o Proteger, do Exército, para a segurança de prédios estratégicos.

Na negociação de salários com o serviço público, em agosto, só duas categorias tiveram aumentos diferenciados: professores universitários e militares. Para uns, o anúncio foi com estardalhaço. Para outros (30% em três anos), quase escondido.

Motivo: o tratamento de Dilma aos militares causa ciúmes, especialmente na Polícia Federal, que disputa com o Exército a coordenação da segurança na Copa e na Olimpíada.

Em recente reunião com ministros civis, a presidente elogiou o Exército e chamou o general Enzo Peri ao Planalto para expor a operação militar que, segundo ele, impediu ao menos 40 ataques cibernéticos graves durante a Rio+20. Os presentes captaram o recado.

Hoje, Dilma fará um discurso ufanista que tanto agrada os militares. Mas o que eles mais gostaram foi do que ela disse na instalação da Comissão da Verdade: "Não nos move o revanchismo". Eles esperam que não.

elianec@uol.com.br

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