06 de setembro de 2012 | N° 17184
EDITORIAIS
Entrave na educação
Mesmo tendo se destacado nas avaliações de português e
matemática no mais recente Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb),
o Rio Grande do Sul chama a atenção pelo mau desempenho na média geral na
comparação com outros Estados, devido particularmente aos seus elevados índices
de reprovação e evasão.
O fenômeno é atribuído a um maior rigor das instituições de
ensino do Estado, tanto públicas quanto particulares, que exigiriam mais dos
alunos para considerá-los aprovados. Por sua repercussão, não apenas sobre as
estatísticas oficiais, mas principalmente sobre o futuro dos alunos, essa é uma
questão que precisa ser melhor examinada.
Evidentemente, a alternativa para enfrentar o problema não
está na insistência no excesso de reprovações, nem no abrandamento de
critérios, muito menos no estímulo a aprovações automáticas. Ainda assim, os
responsáveis pela definição de políticas educacionais no Estado não podem
ignorar o fato de que índices elevados de reprovação acabam levando a mais
evasão, principalmente por aumentar a defasagem entre idade e série cursada.
Quando isso ocorre, o aluno costuma se sentir incomodado
diante de colegas mais jovens. E, se não é incentivado a continuar, ou se não
dispõe de alternativas à sua volta, acaba muitas vezes abandonando
discretamente a escola.
O país e o Estado em particular precisam se esforçar acima
de tudo para tentar manter o aluno em sala de aula pelo menos até a conclusão
do Ensino Médio, sem prejuízo de seu rendimento escolar. Uma ampla reforma do
currículo, tornando-o mais atraente para alunos e professores, pode ser um bom
começo.
As estatísticas comprovam que uma reprovação no nível médio
aumenta em nada menos de 77% as chances de abandono escolar. Por isso, a
questão não se resume a aprovar ou reprovar, mas, sim, em avaliar quando uma ou
outra decisão faz mais sentido sob o ponto de vista do aluno.
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