sábado, 9 de junho de 2012



10 de junho de 2012 | N° 17096
PAULO SANT’ANA

Vinte anos de Lula

Escrevi aqui outro dia que o próximo presidente da República será Lula da Silva. Ele sucederá a Dilma.

Há uma semana, Lula declarou que Dilma não será candidata à reeleição “só se não quiser”.

Ora, é exatamente o contrário o que acontece: Lula só não sucederá a Dilma se não quiser.

Como é que Dilma se lançará à reeleição, se sabe que seu patrono e guru quer voltar à presidência? É evidente que Dilma dará passagem a Lula para que ele volte ao poder. É pura passagem de bastão.

Por falar em poder, há que se diferenciar o conceito de governo do conceito de poder.

A impressão que o Planalto passa é de que o governo pertence a Dilma mas o poder pertence a Lula.

Algo assim como se Dilma fosse apenas uma alta e competente executiva contratada por Lula para ser presidenta.

Por sinal, é de a gente pensar: Dilma foi escolhida para ser presidenta por Lula ou pelos eleitores?

Ao declarar que Dilma só não será candidata à reeleição se não quiser, Lula disse também que, se ela não quiser continuar, ele será o candidato, pois “não entregará o poder aos tucanos”.

Lula demonstra confiança de que será eleito, caso volte a se candidatar. E essa eventual arrogância de Lula tem apoio na realidade: é uma barbada para ele outra eleição, não há no horizonte político e eleitoral brasileiro qualquer nome que possa enfrentá-lo nas urnas.

Pelo quadro atual, o PT empunhará o poder por 20 anos, os oito já governados por Lula, os quatro anos de Dilma e mais os oito anos que Lula ainda tem para governar.

É impressionante esse predomínio petista, ou lulista, no Brasil. Serão 20 anos de governo de um mesmo partido, conquistado nas urnas.

Período tão longo de exercício do poder por uma mesma facção só poderia ser experimentado por uma ditadura.

Mas não, Lula exercerá por no mínimo 20 anos o poder conquistado por ele nas urnas, em plena democracia.

Admirável.

Outro dia, eu estava vindo para a Rádio Gaúcha em companhia do Adroaldo Guerra Filho, o Guerrinha.

Quando passamos pela farmácia do posto de gasolina, entramos e eu pedi um envelope de camisinhas, contendo três unidades.

Paguei pelo envelope, tirei duas das três camisinhas e atirei-as no lixo, guardando a terceira camisinha no bolso para usá-la mais tarde.

O Guerrinha me disse: “Tu queres me enlouquecer. Tu compras um envelope com três camisinhas, guarda uma delas no bolso e atiras as outras duas no lixo. Dá para me explicar isso?”.

Eu respondi: “Acontece, Guerrinha, que estou tentando largar esse vício”.

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