10
de junho de 2012 | N° 17096
PAULO
SANT’ANA
Vinte anos de Lula
Escrevi
aqui outro dia que o próximo presidente da República será Lula da Silva. Ele
sucederá a Dilma.
Há uma
semana, Lula declarou que Dilma não será candidata à reeleição “só se não
quiser”.
Ora,
é exatamente o contrário o que acontece: Lula só não sucederá a Dilma se não
quiser.
Como
é que Dilma se lançará à reeleição, se sabe que seu patrono e guru quer voltar à
presidência? É evidente que Dilma dará passagem a Lula para que ele volte ao
poder. É pura passagem de bastão.
Por
falar em poder, há que se diferenciar o conceito de governo do conceito de
poder.
A
impressão que o Planalto passa é de que o governo pertence a Dilma mas o poder
pertence a Lula.
Algo
assim como se Dilma fosse apenas uma alta e competente executiva contratada por
Lula para ser presidenta.
Por
sinal, é de a gente pensar: Dilma foi escolhida para ser presidenta por Lula ou
pelos eleitores?
Ao
declarar que Dilma só não será candidata à reeleição se não quiser, Lula disse
também que, se ela não quiser continuar, ele será o candidato, pois “não
entregará o poder aos tucanos”.
Lula
demonstra confiança de que será eleito, caso volte a se candidatar. E essa
eventual arrogância de Lula tem apoio na realidade: é uma barbada para ele
outra eleição, não há no horizonte político e eleitoral brasileiro qualquer
nome que possa enfrentá-lo nas urnas.
Pelo
quadro atual, o PT empunhará o poder por 20 anos, os oito já governados por
Lula, os quatro anos de Dilma e mais os oito anos que Lula ainda tem para
governar.
É impressionante
esse predomínio petista, ou lulista, no Brasil. Serão 20 anos de governo de um
mesmo partido, conquistado nas urnas.
Período
tão longo de exercício do poder por uma mesma facção só poderia ser
experimentado por uma ditadura.
Mas
não, Lula exercerá por no mínimo 20 anos o poder conquistado por ele nas urnas,
em plena democracia.
Admirável.
Outro
dia, eu estava vindo para a Rádio Gaúcha em companhia do Adroaldo Guerra Filho,
o Guerrinha.
Quando
passamos pela farmácia do posto de gasolina, entramos e eu pedi um envelope de
camisinhas, contendo três unidades.
Paguei
pelo envelope, tirei duas das três camisinhas e atirei-as no lixo, guardando a
terceira camisinha no bolso para usá-la mais tarde.
O
Guerrinha me disse: “Tu queres me enlouquecer. Tu compras um envelope com três
camisinhas, guarda uma delas no bolso e atiras as outras duas no lixo. Dá para
me explicar isso?”.
Eu
respondi: “Acontece, Guerrinha, que estou tentando largar esse vício”.
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