05
de junho de 2012 | N° 17091
LUÍS
AUGUSTO FISCHER
A educação e a pedagogia
Mais
um ranking divulgado sobre educação no Brasil, na Zero de ontem, outra péssima
notícia para os gaúchos: somos o Estado que menos investe em educação entre
todos, quando se desconta o gasto com aposentados do setor. Até quando vamos
continuar vendo passar essa procissão rumo ao horror?
O
tema comporta um monte de abordagens; vou mencionar duas, não pequenas: uma
geralzona, ligada às finanças do Estado; outra específica, ligada a um drama
que quase todo mundo conhece, mas não expressa.
A
primeira remete ao governo Collor, quando, se bem lembro, o governo federal
decretou que os estados não poderiam mais tributar sobre exportações – no
processo, foi inventada aquela Lei Kandir, que ressarciria os estados
prejudicados ao final de cada exercício, repassando algum troco.
Ora,
num Estado que vive de exportar, como o nosso, é claro que secou a fonte que até
ali financiara nosso welfare-statezinho local ? O velho IPE, uma rede
hospitalar que dava gosto, para não mencionar a educação, que já tinha
problemas mas mantinha um bom padrão. De onde o Estado arrecada, agora, que não
pode cobrar ICMS do principal? De fontes menores, que não alcançam para fazer
girar a roda.
A
segunda: os professores são desmotivados porque recebem muito mal, certo, mas
tudo piora porque costumam ser mal preparados, em suas especialidades e mais
ainda em pedagogia, em capacidade pura e simples de dar boas aulas. Essa última
causa é invisível, mas terrível.
Nossas
faculdades de Educação não são nada boas, em geral, para a finalidade de
preparar professores. Lá se pratica um excesso de generalidade – lá se discute,
quase sempre pela rama, sociologia, psicologia, história, filosofia,
antropologia, até teoria literária ultimamente, sem a formação adequada nem as
exigências que tais áreas precisam ter em seus respectivos ambientes originais.
Daí resulta
que os alunos que passam por lá (e são todos os que fazem qualquer licenciatura)
são praticamente unânimes em dizer que quase nada aprendem – pode fazer um
levantamento ? –, a não ser discursos genéricos, até bem intencionados mas sem
capacidade de habilitar para a sala de aula.
É lá,
na Educação, que os candidatos a professor são sabotados por uma pregação fácil
e atraente, mas equivocada e nefasta, que condena a especialização, o estudo
rigoroso, o conhecimento, como fonte de “autoritarismo” e “prepotência”. O mal
que essa conversa faz à escola não é pouco ? E não é fácil de combater.
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