05
de junho de 2012 | N° 17091
DAVID
COIMBRA
Escolha os melhores de uma era
Lamentei
quando os ingleses puseram abaixo as torres do Estádio de Wembley. Deviam tê-las
preservado. Aquelas torres eram o emblema de um tempo que já passou. Eram o símbolo
do Império Britânico. O Estádio de Wembley foi construído exatamente para
festejar o Império Britânico em uma grande exposição em 1923, quando, por
ironia, o império estava na iminência de se esfarelar.
Sei
exatamente o dia em que o rei Jorge V inaugurou Wembley porque é o do meu
aniversário, 28 de abril.
Dizer
que uma nação era imperialista, naquela época, não era pejorativo. Ao contrário:
os europeus ansiavam por construir impérios a fim de levar a civilização aos
recônditos selvagens do planeta. Queriam iluminar africanos, asiáticos e
americanos com a luz da cultura europeia e o sol do cristianismo. Em troca
dessa tarefa caridosa, exigiam apenas submissão, pagamento de impostos, todos
recursos minerais da colônia e às vezes, mas só às vezes, trabalho escravo.
O
maior império, de fato, era o britânico. A Velha Álbion dominava 25% do mundo. Mas
a guerra com os alemães já começava a cobrar seu preço. E preço, no caso, não é
força de expressão – os custos da guerra estavam tornando caro manter a
estrutura imperial.
Então,
essa exposição de 1923 já estava defasada quando foi inaugurada. O império já não
era mais tão popular nem entre os ingleses. Eles circulavam pela imensa exposição,
aborreciam-se com as supostas atrações e faziam um trocadilho:
– Do
you wemble?
Wemble,
no caso, é ficar enjoado.
Logo,
aquelas torres significavam um pedaço da História da Grã-Bretanha e do mundo. Mas
não existem mais. Os britânicos não tiveram pudor de eliminá-las da paisagem de
Londres para pôr em seu lugar um estádio moderníssimo, com 2.600 banheiros,
nenhum outro lugar do mundo tem tanto banheiro, o que provavelmente se deve ao
fato de os ingleses adorarem beber cerveja enquanto assistem futebol.
Não
concordo, portanto, com os que usam o desapego dos britânicos às famosas torres
de Wembley como um exemplo de praticidade inteligente. Os britânicos deveriam,
sim, implodir Wembley, como implodiram. Mas deveriam preservar as torres.
Da
mesma forma, sou a favor de botar abaixo os obsoletos Olímpico e Beira-Rio,
algo que, de certa maneira, está sendo feito, mesmo que no Beira-Rio seja
apenas uma reforma. Sou a favor. Só que uma pequena parte dos velhos estádios
deve ser resguardada para a posteridade. No caso, uma pequena parte do Olímpico,
já que o Beira-Rio continuará sendo Beira-Rio.
Percebo
essa nostalgia antecipada nos gremistas, à medida em que a nova Arena fica
pronta, na Zona Norte da cidade. Querem, todos, reservar um naco do Olímpico,
onde, afinal, o Grêmio se transformou em um clube planetário.
À direção
do Grêmio cabe erigir um monumento ao velho Olímpico. Ao torcedor cabe a
construção da memória. Vou ajudá-lo fazendo um daqueles exercícios
inconsequentes, mas saborosos. Uma eleição. Vote enviando e-mails respondendo
as seguintes questões:
1) Qual
é o maior time do Grêmio que já jogou no Olímpico?
2) Qual
é a seleção do Grêmio no Olímpico?
Há vários
grandes times. Listo sete: o de Foguinho e o sucedâneo deste – os dois
ganharam, em 13 anos, 12 campeonatos. Depois, o de Telê Santana em 1977, o campeão
brasileiro de 81, o campeão do mundo em 83, o multicampeão de Luiz Felipe na década
de 90, o de Tite em 2001. Para mim, o melhor foi o de 77: Corbo; Eurico,
Ancheta, Oberdan e Ladinho; Victor Hugo, Tadeu Ricci e Iúra; Tarciso, André e Éder.
Curiosamente,
não escalaria nenhum desses na minha seleção. Eu escalaria: Danrlei; Nelinho, Aírton,
Calvet e Everaldo; Valdo, Gessy, Dener e Paulo César Caju; Renato e Ronaldinho.
E
você?
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