05
de junho de 2012 | N° 17091
PAULO
SANT’ANA
Confiteor
Quanto
tempo que perdi dormindo.
Quanto
tempo que perdi pensando.
Quanto
tempo que perdi em dúvida.
Quanto
tempo que perdi em pânico.
Quando
havia tanta coisa melhor para fazer!
Quanto
tempo que perdi disputando com outros.
Quanto
tempo que perdi não entregando os pontos.
Tempos
largos em que não tive humildade.
Quanto
tempo gasto com orgulho,
Ocupando-me
mais em gostar de mim próprio.
Quanto
tempo gasto sem pensar nos outros
E
sem oferecer ajuda aos que por ela clamavam.
Quanto
tempo gasto com o medo da desgraça.
E,
mesmo ela não vindo, continuava o medo.
Quanto
tempo tentando driblar o inevitável.
Quanto
tempo perdi em não confiar nos outros.
E
mais tempo ainda em confiar nos inconfiáveis.
Juventude
triste a minha, desdenhei dos sonhos.
Entreguei
minha sorte à própria sorte,
Sem
esforço para mudar o meu destino.
Tempo
puramente gasto em crer nas promessas,
Quando
o certo era prometer a mim mesmo.
Quanto
teimei em mergulhar na rotina,
Quando
o certo era transformar meu cotidiano.
Quanto
tempo acreditei tolamente
Que
a felicidade só viria por acaso.
Quanto
tempo cruzei os braços na contemplação,
Quando
o certo era partir resoluto para a ação.
Quanto
tempo gostei mais de mim do que dos outros,
Quando
o certo era entregar-me dedicadamente
Ao
primeiro que necessitasse.
Tempos
perdidos, meu Deus,
Ocupados
somente em lamentar-me,
Sem
atirar-me depressa às mãos à obra.
Oh,
Deus, devolvei-me aqueles tempos desperdiçados
Para
que eu possa, se há tempo, consertá-los.
Havia
mais tempo para eu chorar os meus fracassos
Do
que para tentar vitórias.
Quanto
tempo gastei em busca de aplausos fúteis,
Em
vez somente do reconhecimento silencioso.
Nenhum
tempo gastei para ser jovem.
E
gasto tanto tempo em deplorar a velhice.
Assim
é que agora aflitamente
Arrependo-me
de não ter-me arrependido antes.
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