04
de junho de 2012 | N° 17090
PAULO
SANT’ANA
Um crime
horrendo
Passaram
quase despercebidos, senão pelo noticiário do jornal, os requintes bárbaros de
crueldade de um assassinato ocorrido entre nós poucos dias atrás.
A
mulher de um policial aposentado pagou R$ 500 a dois ou três marginais para
matarem seu marido.
E
prometeu aos três bandidos que, caso o assassinato se desse com requintes de
crueldade, ela pagaria muito mais como recompensa pela tortura que sofresse seu
companheiro.
Os
bandidos asfixiaram e esfaquearam o companheiro da autora intelectual do
homicídio, mas, antes de matá-lo, arrancaram com um facão o dedo mínimo de uma
das mãos da vítima.
Quando
a polícia, depois de descoberta a autoria do assassinato, pôs as mãos nos
homicidas, em uma mochila de um deles estava o dedo mínimo decepado da mão da
pobre vítima, que os assassinos iriam mostrar à mulher para receberem quantia
maior em dinheiro.
Um
crime hediondo, arquitetado por uma mulher que se vingava assim de seu
ex-companheiro por ele não ter consentido em assinar uma declaração de união
estável com ela.
E,
em troca desse barbarismo, os assassinos receberam apenas R$ 500. Eu quase não
sei o que dizer sobre isso. Fico tão estupefato, que me faltam palavras para
definir a extensão da maldade humana.
Chego
ao exagero de me envergonhar tanto de pertencer à mesma espécie desses
assassinos, que seria melhor que eu tivesse vindo ao mundo como um inseto, como
um batráquio, como um réptil, mas nunca sendo semelhante a esses monstros que
assassinaram o ex-policial e, principalmente, da mesma espécie humana da
ex-companheira da vítima, que arquitetou o massacre.
No
caso dos executantes do homicídio, isso se chama matar por matar, sem ter
motivo, sem ter desavença com a vítima. Vão lá e matam qualquer pessoa, que
poderia ser um de nós, em troca de uns trocados, para fumar maconha talvez.
Trucidam uma pessoa quase que gratuitamente, uma pessoa que jamais tinham
visto.
No
caso da mulher que engendrou o assassinato, esta, sim, tinha motivo, mas era
fútil e desproporcionalmente significativo: que ela fosse à Justiça para lutar
talvez pelo seu direito de ver declarada a sua união estável com a vítima, mas
mandar asfixiar e esfaquear o ex-companheiro, não antes de deceparem o dedo
mínimo de sua mão por inteiro, é um crime revoltante, é um plano erguido por
uma fera, por uma mulher que não merecia que a vítima lhe desse assinada a
declaração que ela exigia.
E
dizer-se que essas pessoas cruéis convivem muitas vezes conosco na rotina do
cotidiano: disfarçam-se de pessoas de bem, mas a qualquer oportunidade levam a
efeito gestos de crueldade de que jamais pensávamos que fossem capazes.
Esse
crime me fez meditar profundamente sobre um sentimento que frequentemente
irrompe no coração dos humanos: o ódio.
E
meditei também sobre o poder de destruição do ódio.
Cheguei
à conclusão de que o mais feroz, o mais implacável, o mais imoralmente nojento
animal que existe na Terra é o homem.
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